O dia 6 de agosto é comemorado no Acre como um marco histórico que simboliza a luta pela autonomia do território. Nesta data, em 1902, teve início a última e decisiva batalha da Revolução Acreana, liderada por Plácido de Castro, que culminou na incorporação do Acre ao Brasil.
Tudo começou quando seringalistas locais, em busca de liberdade do domínio boliviano, firmaram um acordo com Plácido de Castro. O militar, vislumbrando oportunidades de lucro, aceitou comandar e treinar cerca de dois mil seringueiros. Na madrugada de 6 de agosto de 1902, um grupo de 33 homens liderados por Castro, armados com rifles, subiu o barranco íngreme do Rio Acre em canoas e invadiu discretamente a cidade de Xapuri. Lá, tomaram a Intendência da Bolívia e prenderam os militares bolivianos, enquanto a população local confundia a ação com as festividades do Dia de Independência da Bolívia.
A Revolução Acreana foi marcada por intensos combates. Em 18 de setembro de 1902, um batalhão boliviano surpreendeu e derrotou as forças de Castro em Xapuri. No entanto, Plácido de Castro rapidamente reorganizou suas forças, recrutando cerca de mil homens e lançando um cerco a Puerto Alonso em 10 de maio de 1903. Em outubro, os revolucionários capturaram fortificações externas com a embarcação Río Afua, renomeada Independência, que foi usada contra os bolivianos.
Apesar das adversidades, incluindo doenças tropicais e deserções, as forças brasileiras continuaram avançando. Em 15 de janeiro de 1903, conseguiram capturar posições fora de Puerto Alonso e usar o barco Independência para transportar e vender borracha, financiando a compra de mais armas e munições. Finalmente, em 24 de janeiro de 1903, os bolivianos em Puerto Alonso se renderam, levando à proclamação da Terceira República do Acre três dias depois, com o apoio do presidente Rodrigues Alves e do Barão do Rio Branco.
O primeiro decreto de Plácido de Castro em 26 de janeiro de 1903 estabeleceu a aplicação da lei brasileira no Acre, validou títulos de terra, definiu o português como língua oficial e adotou a moeda brasileira. Este movimento diplomático e militar culminou na assinatura do Tratado de Petrópolis em 21 de março de 1903, ratificado em 17 de novembro do mesmo ano, que formalizou a cessão do Acre ao Brasil em troca de compensações territoriais e financeiras.
As comemorações de 6 de agosto no Acre são marcadas por eventos cívicos e culturais, desfiles, apresentações teatrais e exposições que homenageiam os heróis da Revolução Acreana. A data também serve como um momento de reflexão sobre a importância histórica da revolução na formação da identidade acreana e na consolidação do estado.
A Revolução Acreana destacou a vantagem estratégica do Brasil em relação aos vizinhos de língua espanhola, permitindo reforços através dos rios. A Bolívia, mesmo financiada pelos barões da borracha, não conseguiu manter o controle do território, perdendo novamente suas terras para um vizinho mais forte.
O Tratado de Petrópolis, essencial para a incorporação do Acre ao Brasil, foi regulamentado por decreto presidencial em 7 de abril de 1904. Plácido de Castro, homenageado com o nome de um município, foi o primeiro presidente do Território do Acre, que se tornou estado em 15 de junho de 1962.