O envio de Fuzileiros Navais foi comunicado pelo comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Oslen em audiência com o deputado Coronel Ulysses na manhã desta terça-feira (18). Ulysses solicitou ao Comando da Marinha a instalação de uma Base de Fuzileiros Navais em Cruzeiro do Sul para intensificar o combate ao tráfico de drogas na região
BRASÍLIA (18.06.2024) – O Comando da Marinha vai enviar grupamento dos Fuzileiros Navais para atuar sazonalmente no Vale do Juruá, no Acre, para intensificar o combate ao tráfico de drogas na região. A medida foi anunciada nesta terça-feira (18) pelo comandante da força, almirante de esquadra Marcos Sampaio Oslen em audiência com o deputado Coronel Ulysses (União–AC).
Ulysses se encontrou com Oslen para tratar da instalação de uma Base dos Fuzileiros Navais em Cruzeiro do Sul, no vale do Juruá. Em maio, o deputado apresentou requerimento ao Comando da Marinha solicitando a criação da base para intensificar o combate ao tráfico de drogas na região. Em seguida, Ulysses foi até o Rio de Janeiro, onde entregou o pedido ao comandante-geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), almirante de esquadra Carlos Chagas Vianna Braga.
Na reunião com Ulysses, Oslen explicou que a Marinha enfrenta dificuldades financeiras. De 2004 para cá, a força perdeu 74% de seu orçamento e, em decorrência desse fato, há dificuldades para instalar novas estruturas. Segundo Oslen, as recentes operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos brasileiros consumiram R$ 30 milhões do orçamento da Marinha. No último ano, a força desativou três submarinos com vida útil operacional, por falta de recursos para sua manutenção.
Mas, para atender o pleito de Ulysses de intensificar o combate ao tráfico no Juruá, Oslen anunciou que, brevemente, a Marinha disponibilizará equipes dos Fuzileiros Navais para atuar no Acre sazonalmente no vale do Juruá.
“A situação das Forças Armadas é crítica em termos de orçamento”, pontou Oslen. Após o desabafo do comandante, Ulysses se colocou à disposição para apoiar as demandas da Marinha na LOA (Lei Orçamentária Anual) de 2025, além de alocar os recursos de emendas para apoiar a logística das operações ribeirinhas a serem realizadas no vale do Juruá.
Patrulhamento fluvial nos rios do Juruá é urgente, diz Coronel Ulysses
Segundo Ulysses, o patrulhamento fluvial rotineiro dos rios do Juruá é urgente, “porque, infelizmente, a região se encontra tomada por facções criminosas de São Paulo e do Rio de Janeiro, que atuam no tráfico internacional de drogas, em especial, de cocaína”.
A audácia e o terror imposto por essas narco-organizações criminosas têm forçado comunidades do Vale do Juruá a “proteger suas rotas fluviais como olheiros”, ou a ajudá-los a abrir “picadas” (caminhos no meio da selva Amazônica) para escoarem a produção de drogas, notadamente a cocaína. “E da forma como está, o Brasil pode perder a soberania da Amazônia, não para outros países, mas para o crime organizado”, alertou Ulysses.
Segundo Ulysses, a presença dessas organizações criminosas na região do Juruá é devido sua aproximação da Província de Ucayalli, na Amazônia peruana, onde, segundo dados da Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Vida Sem Drogas (DEVIDA) do Peru, em 2022 havia 14.531 hectares de plantações de coca na região, sendo quatro vezes maior do que a área registrada em 2020.
O deputado alertou que o avanço do narcotráfico em áreas isoladas da Amazônia é preocupante e exige uma ação rápida, efetiva e constante do governo federal, por meio de Segurança Pública e também das Forças Armadas, sendo a participação da Marinha de extrema importância, pois o principal modal de transporte utilizado por traficantes que atuam na região é o fluvial.
Criminosos recrutam ‘soldados do tráfico’ nas periferias de cidades da região
A região do Vale do Juruá abriga oito municípios – Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, Feijó, Jordão e Tarauacá. Ali, diz Ulysses, “além de recrutar ‘soldados do tráfico’ nas periferias das cidades do Vale do Juruá, as organizações criminosas têm levado medo e terror às populações ribeirinhas, indígenas e seringueiros”.
Segundo Ulysses, a audácia e o terror imposto por essas narco-organizações criminosas têm forçado comunidades do Vale do Juruá a “proteger suas rotas fluviais como olheiros”, ou a ajudá-los a abrir “picadas” (caminhos no meio da selva Amazônica) para escoarem a produção de drogas, notadamente a cocaína.
“Assim, para inibir a ação desses criminosos, o patrulhamento fluvial dos rios da região é medida indispensável”, enfatizou Ulysses. Com suas embarcações destinadas ao patrulhamento fluvial, a Marinha do Brasil já atua em outras áreas da Amazônia, como no Estado do Amazonas, realizando, em parceria com outras Forças, operações ribeirinhas de repressão ao tráfico de drogas.
Em uma dessas operações, realizada em fevereiro deste ano, uma patrulha da Marinha apreendeu mais de uma tonelada de maconha no Rio Icá, no estado do Amazonas.
Ulysses entende que, face à peculiaridade dos rios da hidrografia da Bacia do Juruá, que dificultam a utilização de grandes embarcações, a utilização tática de fuzileiros navais em patrulhas ribeirinhas potencializaria a atuação ora efetivada pelas Forças locais e federais na região, para inibir o tráfico de entorpecentes.
A região do Vale do Juruá possui uma hidrografia que permite a criação de rotas fluviais até Manaus. “Por ser uma região fronteiriça com o Peru, um dos principais produtores de cocaína do mundo, o ambiente se tornou atrativo para a atuação das narco organizações criminosas que aterrorizam nosso país”, explicou.