Movimento de ocupação na Ufac desencadeia debates e ambos os lados se posicionam

Nesta última quinta-feira, a Universidade Federal do Acre (Ufac) se viu imersa em um cenário de agitação e tensão com o início de um movimento de ocupação liderado por estudante. O ponto de partida para essa ação foi o corte nas bolsas do PROAES e o fechamento do restaurante universitário durante a greve.

As discussões, já intensas, foram ainda mais aquecidas com a presença de um representante da reitoria, que explicou o fechamento do restaurante universitário como uma medida preventiva devido à incerteza sobre o número de frequentadores durante a greve em curso.

Após horas de debates acalorados e trocas de farpas, ficou acordado que uma reunião seria realizada na manhã seguinte para deliberar sobre questões cruciais, como a manutenção das bolsas de assistência estudantil e a continuidade das atividades do restaurante universitário.

No entanto, a ausência de representantes do DCE na manifestação gerou questionamentos por parte dos estudantes, levando-os a ocupar o espaço do diretório como forma de pressionar por suas demandas. A surpresa veio quando os estudantes descobriram que o local estava fechado, o que os levou a adentrá-lo e iniciar a ocupação.

A segurança patrimonial do campus foi acionada para verificar a situação da ocupação, constatando que não houve nenhum ato de vandalismo ou depredação. Posteriormente, o DCE emitiu uma nota de repúdio, caracterizando a ocupação como uma “invasão” e reafirmando seu compromisso em buscar soluções por meio do diálogo.

Nota do DCE UFAC:

NOTA DCE UFAC

O Diretório Central dos Estudantes da Ufac, informa a toda comunidade acadêmica que a sede do diretório já se encontra desocupada, e na manhã desta sexta-feira, 3, retornará às suas atividades.

Após atos de protesto e desordem, o diretório foi limpo e organizado. Alguns materiais de consumo e patrimoniais foram retirados sede, notificaremos o movimento e a segurança do campus com o intuito de encontrá-los e restituí-los ao patrimônio.

O Diretório reafirma seu apoio a todos os estudantes e sua luta por uma universidade pública, gratuita, igualitária e socialmente referenciada, bem como, o apoio a greve dos técnicos e docentes.

O DCE segue buscando resolver a demanda dos estudantes na base do DIÁLOGO até o momento que encontrarmos essa porta, e afirma que assuntos como:

1. A divulgação de editais de bolsas e auxílios regulares;
2. ⁠Criação de auxílio emergencial;
3. ⁠Retorno das atividades do RU;
4. ⁠Chamadas do SISU.

SEGUEM sendo discutidos com a administração superior e os comandos de greve. Inclusive, com reunião marcada sobre esse e diversos assuntos para a manhã desta sexta-feira,3.

Por fim, o DCE relembra que sua xerox, que na última semana atendeu mais de 1500 pessoas, materiais de consumo e toda estrutura do DCE, continuam a disposição dos movimentos e de toda comunidade acadêmica.

Gestão atuação

A reitoria da Ufac também se manifestou repudiando a ocupação afirmando que “A gestão da Ufac promove diálogo constante com a Diretoria do DCE, legitimamente empossada, após a realização de eleições livres e democráticas, por serem representantes da categoria discente desta Ifes, respeitando as opiniões e analisando as demandas apresentadas sempre com cuidado e responsabilidade para a construção conjunta de soluções”, a reitoria também declarou que serão adotadas medidas necessárias para impedir maiores danos a comunidade acadêmica.

Veja nota completa:

A Gestão Superior da Universidade Federal do Acre repudia, veementemente, os lamentáveis atos de invasão ocorridos nesta tarde ao Diretório Central de Estudantes da Ufac (DCE), em total afronta aos princípios democráticos, à liberdade de expressão, às organizações e instituições legitimamente constituídas.

A gestão da Ufac promove diálogo constante com a Diretoria do DCE, legitimamente empossada, após a realização de eleições livres e democráticas, por serem representantes da categoria discente desta Ifes, respeitando as opiniões e analisando as demandas apresentadas sempre com cuidado e responsabilidade para a construção conjunta de soluções.

Serão adotadas todas as medidas necessárias para impedir que maiores danos sejam causados à toda comunidade acadêmica e para que se restabeleça a segurança do DCE. Por fim, reafirmamos nosso respeito incondicional aos princípios do Estado Democrático de Direito, à construção de diálogos propositivos, ao movimento estudantil e ao direito à livre manifestação pacífica.

Os estudantes que ocuparam a sede do DCE lançaram uma nota na noite de ontem após os atos afirmando que não houve depredação do patrimônio e que a ocupação faz parte do processo e que sempre fizeram parte do movimento estudantil. Veja a nota: Nota de esclarecimento do movimento de ocupação da UFAC.

O OUTRO LADO

Já o movimento de ocupação ressaltou a urgência das demandas estudantis na UFAC, destacando a necessidade de um diálogo franco e construtivo para encontrar soluções que atendam aos interesses de toda a comunidade acadêmica.

Enquanto isso, falaram que os estudantes permanecem firmes em sua busca por uma universidade pública de qualidade, reiterando seu apoio à greve dos docentes e dos técnicos, e criticando as políticas de desmonte da educação pública por parte do governo federal.

Veja a nota:

Nota de esclarecimento do movimento de ocupação da UFAC

Primeiramente nós do movimento de ocupação reiteramos nosso compromisso com a qualidade de ensino e principalmente de infraestrutura na nossa universidade federal do Acre. Não nos estarrece as informações falsas que vem sendo disseminadas pelo meios de comunicação, sendo rede social e outros.

Continuamos afirmando que a ocupação faz parte do nosso processo, haja em vista que não houve danos materiais e a ocupação no espaço do DCE ocorreu devido a ausência de representantes do Diretório durante as últimas articulações. Nós não ocupamos um espaço privado, sendo esse espaço utilizado para produção de materiais e tendo em vista também o encontro de representantes do DCE em razão que nenhum apareceu na manifestação mesmo sabendo da mesma e sendo até mesmo solicitado.

Reiterando novamente que em nenhum momento fizemos uma fala de ataque a integridade física dos representantes do Diretório Central dos Estudantes.

Lembrando que o DCE é uma repartição de todos os estudantes, e a ocupação também ocorreu após eles fecharem antes do funcionamento já que fomos na sede às cinco e meia da tarde, sendo que, o DCE tem seu horário de funcionamento previsto para até as oito horas da noite. É importante que não são os estudantes que estão de greve, mas sim os docentes em seu pleno direito constitucional, com isso não existe nenhuma justificativa para o DCE se ausentar de seu horário de serviço já que os estudantes continuam com atividades fora da sala de aula, como laboratórios de pesquisa e outras atividades de extensão.

Parabenizamos a reitoria por enviar um representante no momento inicial da mobilização, e com isso resultando frutos como uma reunião com os centros acadêmicos presentes no ato, tratando de temas como a continuação das atividades do r.u e o esclarecimento de como será a manutenção das bolsas pela PROAES. Convidamos também, um representante do DCE para estar presente na reunião, para que possamos dialogar da melhor maneira como foi procurado desde o início, e convidamos para participar da ocupação que é uma pauta que o DCE deve defender.

Não estamos depredando, nem vandalizando os espaços da nossa universidade federal do Acre e convidamos inclusive os estudantes para observar os espaços de ocupação e também afirmamos que as pessoas que dizem que houve algum vandalismo ou que ocorreu o uso de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias ilícitas no momento da ocupação, provem tais afirmativas de maneira pública e concreta com provas. Por fim, afirmamos nosso apoio à greve dos docentes e dos técnicos e afirmamos que os ataques não vão desviar a finalidade inicial desse movimento que é uma universidade pública de qualidade de ensino, infraestrutura e por um salário justo. Ações como essa sempre fizeram parte da história dos movimentos estudantis e sindicais, sempre visando a melhoria da qualidade de ensino.

Estendemos nossas críticas ao atual governo federal e seu descaso com os estudantes e os profissionais de educação da rede de ensino pública.