Segundo o SEF, quase 400 mil brasileiros vivem legalmente em Portugal
O estado do Acre enfrenta uma série de desafios significativos, que vão desde questões de segurança pública até a falta de oportunidades de emprego e uma qualidade de vida comprometida. Desde 2018, os habitantes do Acre têm buscado melhores condições de vida em outros estados do Sul e Sudeste do Brasil, enquanto alguns optam por ir além, rumo a Portugal. A familiaridade com o idioma, a segurança e o valor do euro são os principais fatores que os levam a decidir morar no país.
O custo de vida no estado do Acre é notavelmente alto devido à sua distância geográfica do restante do país, o que resulta em preços elevados para itens essenciais como alimentos, cuidados de saúde, materiais de construção e móveis, entre outros. Diante desse cenário, muitos acreanos buscam oportunidades para deixar o estado. Em um contexto mais amplo, aproximadamente 400 mil brasileiros residem legalmente em Portugal, conforme dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), enquanto estima-se que o número total, incluindo os residentes ilegais, ultrapasse os 800 mil brasileiros, representando cerca de 62% da população ativa do país.
O economista e coordenador do curso de economia na Universidade Federal do Acre (UFAC), Rubicleis Gomes, ressaltou que no Acre as perspectivas de vida estão difíceis, e a busca por melhores condições de vida é um forte motivo para que essas famílias deixem o estado. Em relação à economia de Portugal, ele expressou preocupação, destacando que o preconceito por parte dos portugueses em relação aos brasileiros pode dificultar a melhoria das condições para os migrantes brasileiros no país.
A acreana Maria Patrini compartilhou sua experiência ao optar por viver em Portugal: “Estou em Portugal há 2 anos e 3 meses. Meu marido e eu decidimos mudar para cá em busca de melhores oportunidades e da cidadania portuguesa, visando a possibilidade de residir em outro país europeu. Nossa prioridade inicial era viver em um lugar tranquilo e seguro.”
Patrini, ao ser questionada sobre quantos acreanos ela conhecia em Portugal, respondeu que teve contato com 17 acreanos, alguns dos quais ainda não obtiveram a cidadania. Ela destacou que a maioria dos brasileiros e estrangeiros em Portugal visa obter a cidadania para desfrutar da liberdade de trabalhar e residir em países europeus onde os salários são mais atrativos do que em Portugal.
Em relação à xenofobia, Patrini compartilhou que nunca experimentou nenhum preconceito, pois vive em uma cidade onde há muitos brasileiros e estrangeiros. Na empresa onde trabalha, a maioria dos colegas é de outros países. No entanto, ela reconhece a existência de preconceito por parte de alguns portugueses, mas ressalta que isso não é justificável, considerando que muitos portugueses também optam por viver em outros países da Europa devido ao baixo salário em Portugal.
De acordo com dados do Banco de Portugal e do Instituto Nacional de Estatística (INE), a presença dos brasileiros tem contribuído para o aumento da população em Portugal desde 2018, compensando o déficit populacional causado pela emigração dos portugueses.