Há exatamente um mês, no dia 14 de fevereiro de 2023, dois detentos conseguiram escapar da Penitenciária Federal de Mossoró , no Rio Grande do Norte, algo inédito na história da segurança pública do Brasil. Desde então, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) iniciaram e intensificaram as buscas, mas ainda não conseguiram recapturar Deibson Cabral Nascimento e Rogerio da Silva Mendonça. Abaixo, veja tudo sobre o caso.
A fuga
A primeira fuga de um presídio de segurança máxima no Brasil aconteceu em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Na ocasião, a dupla de detentos conseguiu sair de suas respectivas celas, passar por um buraco na parede, descer pelo telhado, cortar a grade de arame do pátio e fugir sem serem notados.
Os dois detentos são acusados de ter ligações com a facção Comando Vermelho , no Acre, onde estavam presos até setembro do ano passado. Por isso, a expectativa era da dupla tentar chegar ao Rio de Janeiro, estado onde estão as principais lideranças do grupo criminoso.
Rogério da Silva Mendonça , o Querubin, tem 35 anos. Natural de Rio Branco, no Acre, ele foi transferido para o Rio Grande do Norte após uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, na capital acreana, em julho de 2023.
Deibson Cabral Nascimento, conhecido como Tatu, nasceu em Brasileia (AC). Ele tem 33 anos e também estava no presídio de segurança máxima de Mossoró desde 2023. Foi transferido de Rio Branco no mesmo grupo de Rogério, após tramarem uma rebelião no Presídio Antônio Amaro Alves, em julho do ano passado.
Medidas adotadas pelo governo
Devido à repercussão do caso, inédito no país, o governo federal mobilizou cerca de 500 policiais (federais, municipais e civis) nas operações, além de integrantes da Força Nacional. Nas buscas, helicópteros, drones com sensor de calor e cães farejadores também estão sendo utilizados.
Com a dificuldade para achar os foragidos, o governo também ofereceu até R$ 30 mil para quem ajudar repassando informações sobre os paradeiros de Deibson e Rogério. A PF também divulgou retratos de possíveis disfarces usados pelos criminosos.
Recém-empossado ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski também viajou pela segunda vez até Mossoró para acompanhar as operações. Segundo o ex-ministro do STF, há “fortes indícios” de que os fugitivos seguem na região. No entendimento de Lewandowski, eles estão “encurralados”.
“Tivemos uma reunião com todas as forças que estão trabalhando nas buscas. A operação, ao meu juízo, é uma operação que está se desenvolvendo até o momento com êxito. Nós temos indícios fortes da presença dos fugitivos na região. Temos hoje uma convicção de que os fugitivos se encontram aqui ainda”, afirmou.
Além disso, o Ministério da Justiça anunciou um pacote de medidas para fortalecer a segurança dos presídios federais. O conjunto de medidas inclui: ampliação de sistema de alarmes; reforço de agentes de segurança; aperfeiçoamento do sistema de entradas nos presídios, com implantação de reconhecimento facial; e construção de muralhas.
Os dois já foram vistos?
Sim. Dois dias após a fuga, Deibson e Rogerio teriam feito uma família refém, na zona rural de Mossoró. Já em 27 de fevereiro, os fugitivos foram vistos em um vilarejo no Rio Grande do Norte. Na quinta (29), agricultoras afirmaram ter visto dois homens em uma plantação de bananas. A força-tarefa confirmou que se tratava dos fugitivos e fez um novo cerco na área. Por fim, no dia 3 de março, os dois teriam invadido uma propriedade rural e agredido um agricultor.
Até o momento, a Polícia Federal prendeu sete pessoas suspeitas de terem facilitado a fuga dos acreanos. Segundo o ministro da Justiça, membros do Comando Vermelho estão ajudando os fugitivos. “Estão sim recebendo ajuda de fora, ajuda externa. É isso é o que explica o relativo êxito para escapar desse cerco”, considerou Lewandowski. Além disso, a PF apreendeu dois carros e realizou buscas em diversos endereços nas cidades de Mossoró (RN), Baraúna (RN), Aquiraz (CE) e Quixeré (CE).
Custo da operação
O Ministério da Justiça não revelou quanto já desembolsou na tentativa de recapturar a dupla, mas admitiu que a operação tem um custo elevado.
“Nós temos uma ideia do custo dessa operação, que não é um custo baixo, mas o fato é que não podemos deixar a população local desamparada. Então isso justifica o número de agentes de segurança que estão aqui. Enquanto esse risco não se dissipar nós vamos manter esse efetivo”, declarou o ministro Lewandowski, nesta quarta-feira (13).
“São valores que fazem parte da PF, PRF, do próprio MJ, e esses valores estão no orçamento e são para serem utilizados nessas operações. Não existe segurança pública, sobretudo em situação de emergência, sem custos elevados”, defendeu.