Neto do assassino de Chico Mendes virou importante membro do Comando Vermelho

Neto de fazendeiro condenado por matar ambientalista em 1988 ajudou a fundar o Comando Vermelho no norte do país e a batizar novos membros

Artur Ramoile Alves da Silva e Silva, de 34 anos, tem a vida cercada de crimes, dele próprio e de pessoas próximas. Neto do fazendeiro Darly Alves, condenado por matar o ambientalista Chico Mendes, ele ajudou a propagar a facção carioca Comando Vermelho (CV) no Acre.

No mundo do crime, Artur é conhecido como Russo, o oitavo batizado (filiado) no CV no estado. O padrinho de Russo dentro da facção é o criminoso Deibson Cabral, o Tatu, de 33 anos, um dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) nesta semana.

Todo batizado na organização criminosa tem um “padrinho”, que é o criminoso que já faz parte da facção e endossa a entrada do novo membro.

Importante e fundador

Relatório de inteligência do Ministério Público do Acre a que a reportagem teve acesso descreve Artur Ramoile como um “importante faccionado” do CV.

“Verificou-se ainda que Russo referendou (apadrinhou) o ingresso de outros faccionados, contribuindo assim para o crescimento da organização criminosa”, diz trecho do relatório, que é baseado em documentos do Comando Vermelho encontrados no celular de um membro do grupo.

Para o Ministério Público, Deibson e Artur estão entre os fundadores da facção criminosa no Acre. Os dois já foram condenados por organização criminosa por causa do vínculo com o CV.

Desde a adolescência, Russo coleciona casos de latrocínio, que é o roubo seguido de morte, assassinatos, assaltos e tentativas de fuga do sistema prisional, onde ele segue preso.

Discordância com facção

Uma conversa interceptada pela Polícia Civil do Acre entre duas mulheres ligadas ao Comando Vermelho, em 2018, revelou que Russo teria discordado do conselho da facção e sido agredido por conta disso.