Chegou a hora de colocar a fantasia, escolher um bloquinho e cair na folia. O Carnaval 2024 começa nesta sexta-feira, 9, e o Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre traz uma pesquisa sobre a economia acreana nesta época do ano.
Os economistas da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape) entrevistaram 500 pessoas entre os dias 8 e 14 de janeiro em pontos de fluxos de Rio Branco, pela manhã, tarde e noite. Em termos estatísticos, tem-se um grau de confiança de 95% e margem de erro de 4,38%.
Durante cinco dias, grande parte do país para durante a festa e de certa, extraoficialmente, o ano começa só depois do Carnaval. Contudo, na maioria das vezes, a real representatividade do evento sobre a economia não é percebida de forma correta.
Por isso, o objetivo da pesquisa é saber se a população está disposta a participar das atividades carnavalescas, quanto quer gastar, as caraterísticas socioeconômicas dos brincantes e a percepção da oferta de bens e serviços disponíveis nos dias de festa.
Conforme a pesquisa, apenas em Rio Branco, cerca de 73 mil pessoas devem pular pelo menos uma noite de Carnaval. Essas pessoas estão dispostas a gastar, em média, R$ 135 por noite e no máximo R$ 160. O professor Rubicleis Gomes, autor do estudo, aponta que o gasto dos rio-branquenses será de R$ 30 milhões nas três primeiras noites de Carnaval.
“Acreditamos que é possível fazer muito mais, que é possível profissionalizar o Carnaval, é possível ter um grande Carnaval regional e, acima de tudo, gerar emprego e renda com a profissionalização do evento”.
Renda
O estudo mostra que, em 2020, o Carnaval do Rio de Janeiro movimentou R$ 4 bilhões, sendo o mês com maior arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) ligados ao turismo. Além disso, 45 mil trabalhadores estiveram envolvidos no evento.
Dois anos depois, em 2022, a geração de renda no período foi de, aproximadamente, R$ 8,2 bilhões no Brasil. Em bares e restaurantes a movimentação foi de R$ 3,63 bilhões; no transporte de passageiros R$ 2,35 bilhões e nos serviços de hotelaria e hospedagem R$ 890 milhões.
“A disposição a consumir é um indicador que pode ser utilizado pelos empresários para planejar a oferta de bens e serviços no período carnavalesco. Além disso, o poder público estadual e municipal, em conjunto com os agentes privados, pode trabalhar de forma sinérgica para transformar o carnaval em um evento que traga impactos significativos à economia acreana. O Carnaval tem potencial para ser um agente indutor de crescimento de nossa economia”, destaca parte do estudo.
Perfil dos brincantes
Os pesquisadores identificaram que 30,20% dos entrevistados com idade entre 15 e 59 anos pretende das festividades carnavalescas. O folião rio-branquense possui idade média de 26 anos e 86% são solteiros.
Sobre o perfil, 85,14% dos brincantes são pardos e brancos. Já mais de 90% dos foliões têm pelo menos o nível médio completo e o rendimento mensal oscilando entre dois salários-mínimos.
Consumo
Os pesquisadores também questionaram os entrevistados com o que o folião vai gastar durante o Carnaval. O público respondeu que os gastos serão com:
- Transporte
- Alimentação e bebidas ao logo da festividade
- Salão de beleza
- Roupas e acessórios
O entrevistaram também destacaram que pretendem participar em média de três dias de carnaval, sendo sexta-feira, sábado e domingos os dias preferidos.
Proposta
No final do estudo, os pesquisadores ressaltam que a ausência de um viés econômico mais profissional na parceria público e privado entre os agentes econômicos acreanos que participam da organização do Carnaval impacta de forma decisiva no evento. É observada a ausência de elementos norteadores que transformem o feriadão de Carnaval em um evento econômico cultural.
Pensando nisso, os economistas listam políticas que podem contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva do Carnaval no Acre. Por exemplo:
- Criação de um comitê permanente estadual de incentivo ao desenvolvimento da economia da cultura composto por instituições;
- Criação de políticas econômicas por parte do Estado e Prefeituras que incentivem a iniciativa privada a investir no Carnaval;
- Inserir o carnaval como evento turístico;
- Parceria público privada sistematizando as ações voltadas para o desenvolvimento das atividades econômicas culturais do Carnaval
- Definição de pontos regionais de influência que podem receber turistas para as atividades Carnavalesca
- Outras
“Enfim, precisamos compreender o Carnaval não somente como uma festividade. O evento é uma oportunidade singular de movimentar a economia da cultura e do turismo de forma expressiva. É preciso criar uma estratégia de curto, médio e longo prazo que consiga atrair investimentos privados, para aumentar a disponibilidade de bens e serviços neste período. É preciso destacar que Estado e prefeituras devem agir como parceiros, com estratégias alinhadas e convergentes, pois a sinergia agrega forças. Além disso, as ações desses agentes impactam diretamente sobre a iniciativa privada. Logo, devem ser planejadas e alinhadas com todos os agentes produtivos desta cadeia”.