Uma pesquisa da ONG Carbon Plan, encomendada pelo jornal The Washington Post, alerta sobre o aumento do calor extremo em várias capitais do Brasil até 2050 e coloca Rio Branco como uma das 10 capitais do mundo que enfrentarão períodos prolongados de calor extremo nos próximos 26 anos. Por 212 dias, a capital do Acre deve ser a mais quente do mundo.
Segundo a pesquisa, o Brasil está entre os países que mais devem sofrer com as mudanças climáticas globais, devido a sua localização tropical. Estudiosos avaliam que muitas cidades brasileiras já vivem “no limiar da temperatura”, sendo que a expectativa para o futuro é cada vez mais desanimadora, devido ao aumento da emissão de gases de efeito estufa.
As cidades brasileiras onde o calor extremo deve perdurar mais tempo são: Manaus (AM), por 258 dias; Belém (PA), por 222 dias; Porto Velho (RO), por 218 dias; Rio Branco (AC), por 212 dias; Boa Vista (RR), por 190 dias.
Paulo Artaxo, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), analisou o estudo, a pedido do Jornal da USP. Ele ressalta que cidades de regiões como da Amazônia, que combinam altas temperaturas com altas umidades, terão um agravante. “É perigoso para a saúde humana, porque uma das maneiras que o corpo utiliza para se resfriar é a transpiração. Se você tem umidade relativa do ar entre 70% e 80%, dificulta a evaporação da água do corpo, o que conflui para que os mecanismos de regulação térmica do corpo deixem de funcionar adequadamente”, disse Paulo.
Além disso, o professor explicou que, com as emissões atuais de gases do efeito estufa, a média da temperatura global deve aumentar, na segunda parte do século 21, três graus Celsius. “O que significa, em áreas continentais, como o Nordeste brasileiro ou a Amazônia, um aumento da ordem de quatro a quatro graus e meio”, acrescenta o professor.
A ONG evidencia a perspectiva de que, em cerca de 30 anos, aproximadamente cinco bilhões de pessoas estarão expostas a, pelo menos, um mês de calor prejudicial à saúde humana. A análise foi feita por meio de uma escala que combinou temperatura, umidade, luminosidade solar e vento e que determinou que 32° Celsius é a condição limite para a saúde do indivíduo.
O estudo reforça que essa condição é nociva até mesmo para um adulto saudável, caso exposto por mais de 15 minutos, e pode ser responsável pelo aumento da morte de pessoas em consequência de altas temperaturas.