O historiador José Wilson Aguiar já é conhecido dos acreanos por contestar alguns fatos dados como oficiais da história acreana. Ele já disse, por exemplo, que a cidade de Rio Branco não foi fundada em 28 de dezembro de 1882, mas sim em 13 de junho de 1909, além de defender a ideia de que a bandeira acreana está de cabeça para baixo. Segundo ele, a parte amarela, junto com a estrela vermelha, deve ficar para baixo e a porção verde para cima.
Mas hoje, a informação que coloca Aguiar como protagonista de mais uma demanda de cunho histórico diz respeito ao acervo relacionado ao Tratado de Petrópolis, que completa 120 anos nesta sexta-feira, 17, de maneira mais específica sobre a mesa, acompanhada do conjunto de cadeiras, que teria servido para que as autoridades brasileiras e bolivianas assinassem o acordo que tornou o Acre oficialmente brasileiro.
José Wilson Aguiar encaminhou ao ac24horas uma fotografia do móvel histórico e disse que esse e outros itens relacionados ao importante capítulo da história do Acre se encontra na sede do Itamaraty, no Rio de Janeiro, e que há a possibilidade de todo o acervo ser trazido para o Acre, desde que exista disposição das autoridades acreanas para assim fazer. Segundo ele, já chegou a conversar com o senador Alan Rick sobre o assunto.
“Não foi possível esse ano, mas poderá ser no ano que vem. Desde que haja a disposição das autoridades acreanas, do governo do estado e de nossos parlamentares, é possível que esse acervo venha para o estado, o que seria muito importante, do ponto de vista histórico e cultural, dada a relevância desses itens para a história do Acre”, disse o pesquisador.
Procurada, a assessoria do senador Alan Rick confirmou ter havido uma conversa sobre o assunto entre o parlamentar e o historiador em um evento em que os dois estavam presentes, mas que não existe, ainda, nenhuma ação formal no sentido de “repatriar” o acervo citado por Aguiar. Foi informado ainda pela assessoria que novo contato seria feito com o pesquisador a respeito do tema.
O Tratado de Petrópolis
O histórico documento foi assinado em 17 de novembro de 1903 entre os governos do Brasil e da Bolívia. Consistiu em um tratado de permuta que resultou na entrega do território do Acre, efetivamente ocupado pelos seringueiros brasileiros durante a corrida à borracha da floresta amazônica. Em troca, o Brasil cedia as terras na foz do rio Abunã e na bacia do rio Paraguai.
O Brasil ainda se comprometeu a pagar uma compensação monetária de 2 milhões de libras esterlinas e a ceder a navegação nos rios brasileiros para chegar ao oceano Atlântico e a Bolívia adquiria o direito de abrir alfândegas em Belém, Manaus, Corumbá e noutros pontos da fronteira.
O estado brasileiro tinha ainda de construir uma estrada de ferro, que ficou pronta em 1912, desde o porto de Santo António, no rio Madeira, até Guarajá-Mirim, no Mamoré, com um ramal até território boliviano. Em consequência deste tratado, os limites de fronteira com o Peru foram também redefinidos.
Ac24horas