Um grupo de 37 parlamentares daCâmara dos Deputados assinou requerimento para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) após o Estadão revelar que Luciane Barbosa Farias, mulher de um líder da facção criminosa Comando Vermelho, participou de duas audiências no Ministério da Justiça, chefiada pelo ministro Flávio Dino.
O requerimento é de autoria do deputado Coronel Ulysses (União-AC) e pede a criação de uma CPI para investigar “supostas reuniões realizadas por integrantes do Mistério da Justiça e Segurança Pública com membros de organizações narco criminosas”.
Segundo Ulysses, o objetivo da CPI é investigar as agendas do governo federal em que Luciane esteve presentes e examinar “como se dá a atuação de supostas organizações não governamentais que atendem aos interesses das organizações narcocriminosas”. Luciane Barbosa se apresenta como presidente da ONG Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), que diz, em seu site, atuar em favor dos direitos humanos de presos. Para a Polícia Civil do Amazonas, contudo, a entidade é financiada pelo Comando Vermelho e atuaria em favor dos interesses dos faccionados.
Para a CPI ser instaurada na Câmara, é preciso que o requerimento receba a adesão de 171 dos 513 deputados. 13 dos 37 parlamentares parlamentares que já assinaram o requerimento fazem parte de partidos que integram a base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas têm individualmente atuam na oposição, sendo 7 do União Brasil, 2 do PP e do MDB e 1 do PSD e Republicanos.
Outro requerimento de urgência está coletando assinaturas na Câmara dos Deputados. De autoria do deputado Amon Mandel (Cidadania-AM), o texto pede que a Casa investigue “qualquer sinal de colaboração ou conluio entre autoridades ministeriais, detentores de cargos políticos e organizações criminosas representa uma ameaça direta à segurança pública”. Até o momento, a iniciativa de Mandel recebeu a adesão de sete parlamentares.
Apontada como integrante do Comando Vermelho e responsável por lavar o dinheiro do tráfico, Luciane Barbosa se reuniu com quatro autoridades do Ministério da Justiça. Em março, ela se sentou com o Secretário Nacional de Assuntos Legislativos, Elias Vaz. Em maio, se encontrou com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, ouvidora Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária.
O Ministério da Justiça alega que a ‘dama do tráfico amazonense’ estava como acompanhante nas reuniões e que era “impossível” o setor de inteligência detectar previamente a presença dela.