Comunicadores e comunicadoras dos povos Nukini, Yawanawa, Huni Kuin, Puyanawa, Apurinã e Manxineru lançaram na terça-feira (17) o podcast Vozes da Floresta, um programa que foi resultado do projeto de oficina da Rede de Comunicadores Indígenas do Acre, da Comissão Pró-Indígenas do Acre (CPI-Acre), uma organização sem fins lucrativos que propõe contribuir para a formação de uma nova consciência pública a respeito dos povos originários no estado.
O episódio de estreia “Juventude indígena contra o Marco Temporal” está disponível no Spotify, no programa Vozes da Floresta. Além da plataforma On-line, o programa será transmitido nas rádios Difusora Acreana, Verdes Florestas e Juruá FM.
“Esse novo programa é importante tanto para a minha terra indígena quanto pra mim, como voz feminina. É interessante que o projeto é feito com pessoas de muitos territórios indígenas. Mesmo sabendo que somos de etnia diferentes, temos as mesmas lutas e dificuldades, somos um coletivo e estamos juntos para proteger a nossa floresta e lutar por educação e saúde para nossos povos” – diz a comunicadora Samsara Nukini, indígena da etnia Nukini.
O colaborador não-indígena Victor Manoel Oliveira, que fez parte do processo de criação do podcast, acredita que projetos como esses são fundamentais para garantir que a luta dos povos originários e as informações sobre esses povos garantam um espaço seguro para ter mais pessoas indígenas atuando em diferentes campos da sociedade.
“O projeto é produzido e narrado por pessoas indígenas. Queremos chegar no máximo de pessoas possíveis, queremos chegar em lugares distantes, por isso estamos usando também as rádios. São os povos originários falando sobre as lutas deles para informação a população”.
A produção do programa prevê que os episódios serão lançados mensalmente. O produtor e colaborador Jhonnatan Nascimento Oliveira, da etnia Apuriña, diz que o projeto faz com que os indígenas usem a tecnologia a favor de seus territórios: “Vamos informar sobre o combate à caça predatória, a exploração ilegal de minérios, desmatamento nas florestas, enfim as inúmeras injustiças que os indígenas sofrem. Por isso o primeiro episódio é sobre o Marco Temporal.”
O primeiro episódio fala sobre a tese jurídica feita pela bancada ruralista do Congresso Nacional, que delimita a demarcação de terras indígenas apenas para as áreas ocupadas em 1988, ano da promulgação da atual Constituição Federal. O texto foi rejeitado no dia 21 de setembro, pelo Supremo Tribunal Federal (STF).