Palestino que vive no AC perdeu 25 familiares em bombardeio na Faixa de Gaza e está sem contato com os pais

Parentes do palestino Montaserbelah Al Shawwa, de 34 anos, que reside no Acre desde 2015, morreram em um ataque da Força Aérea Israelense na região central da Faixa de Gaza, ocorrido na última quarta-feira (25). Segundo ele, foram encontrados os corpos de 25 membros de sua família após o bombardeio.

O ataque, que mirou casas próximas ao Hospital Al-Shifa, resultou na destruição do prédio de quatro andares onde seus parentes viviam. Além das 25 vítimas confirmadas, aproximadamente 15 pessoas, incluindo crianças, mulheres e idosos, permanecem desaparecidas sob os escombros.

“É uma situação muito complicada, eu fico no celular, acompanhando os jornais, tentando entrar em contato com a família, não é fácil. Além da minha família, perdi também amigos, vizinhos, conhecidos, outros parentes mais distantes. Esses agora de quarta-feira [25] eram familiares mais próximos”, contou o palestino.

Desesperado, Montaserbelah buscou ajuda junto à embaixada brasileira em Gaza e autoridades, na esperança de encontrar uma forma de retirar sua família da zona de conflito. No entanto, a situação permanece incerta, já que a repatriação de civis brasileiros está em andamento, enquanto familiares de brasileiros aguardam a avaliação das autoridades israelenses para sua possível retirada.

Sem notícia dos pais

A angústia dele não se limita à perda de familiares, pois ele também enfrenta a incerteza sobre o paradeiro de seus pais, que ainda residem na Faixa de Gaza. Há mais de 48 horas, Montaserbelah não tem qualquer notícia deles, agravando sua preocupação.

A última comunicação com seu pai indicava que a região estava sob intenso bombardeio, e a torre de internet local seria alvo, o que explicaria o silêncio desde então. Montaser mantém a esperança de que seus pais estejam vivos e bem, baseado nas informações que acompanha pelos noticiários locais.

“Estou sem contato com os meus pais. As mensagens nem chegam para eles e não consigo também por ligação. Na última vez, eles estavam se despedindo e eu não estava entendendo muito, meu pai falou que o ataque estava longe da casa deles, mas que se perdesse o contato não era para ficar preocupado, só orar por eles, porque seria destruída uma torre de internet. E ele me disse para ficar bem. E minha prima me disse que na última vez que falou com minha mãe, ela pediu que cuidassem de mim caso alguma coisa acontecesse. Estou apreensivo sem conseguir notícia deles, eu acredito que eles estão vivos, estou fazendo orações e acredito que estão bem, a única coisa que podemos fazer é oração”, concluiu.

Mortes em Gaza passam de 4 mil

No total, o número total de mortos em Gaza desde o início da guerra era de 4.137 até sexta-feira (20).

Na semana anterior, o governo israelense pediu à população de todo o norte da Faixa de Gaza, inclusive a Cidade de Gaza, que deixasse suas casas e rumassem ao sul do território, indicando que aumentaria os ataques à área, que faz fronteira com o sul de Israel.

Os militares israelenses também preparam uma incursão por terra à Faixa de Gaza, que começará justamente pelo norte. Dezenas de tanques do Exército do país já estavam posicionados na fronteira desde o início da semana.

Mas muitos palestinos relataram não ter para onde ir, já que, pelo atual acordo que está sendo costurado entre o governo egípcio e o israelense para a abertura da fronteira, apenas estrangeiros poderão deixar a Faixa de Gaza.

Por isso, muitos deles continuaram em suas casas no norte de Gaza, caso dos parentes do brasileiro.

Fonte: G1/AC