Ana Caroline temia pela delicadeza da gravidez, e queria ir à cidade vizinha, onde a família acreditava que a estrutura do hospital seria melhor. Ela chegou a assinar documentos para solicitar a transferência, mas, segundo ela, o médico que a atendeu não fez o pedido.
“Dei entrada no hospital às 4h da manhã do domingo, com perda de líquido e cólicas. Minha gravidez era de alto risco, fiquei em observação o domingo todo. Quando foi na segunda-feira, a enfermeira fez toda a papelada do Tratamento Fora do Domicílio (TFD) para me encaminharem à cidade de Cruzeiro do Sul, mas o médico de plantão não pediu o TFD”, relata.
Às 9h da manhã da segunda-feira (4), ela entrou em trabalho de parto, e continuou a pedir que o médico solicitasse transporte para Cruzeiro do Sul. Sem ter o pedido atendido, ela permaneceu em Porto Walter, até que houve a troca de plantão e um novo médico chegou. O profissional explicou que, naquele momento, com oito centímetros de dilatação, não haveria mais tempo para ela ser transferida, e o parto ocorreu. A criança nasceu com poucos batimentos, e morreu poucas horas após o parto.
“Às 18h30 entrei para a sala de parto, e na troca de plantão, às 19h, segundo o médico que chegou em seguida no meu parto, não dava mais tempo de me encaminhar pra Cruzeiro do Sul, porque eu já estava com 8cm dilatados. [O segundo médico] disse que se fosse ele teria chamado o TFD. Tive um parto prolongado, minha filha nasceu com vida, poucos batimentos, mas ainda tinha vida. A equipe tentou reanimá-la, mas não conseguiram. Ela nasceu às 20h30, e às 10h30 chegou a óbito”, lamenta.
A família atribui a responsabilidade pela morte da criança ao médico que fez o primeiro atendimento a Ana Caroline. A mãe pretende, inclusive, levar o caso à Justiça. Com a repercussão do caso na região, o Ministério Público do Acre (MP-AC) informou que vai instaurar um procedimento de notícia de fato para apurar se houve negligência ou falhas no atendimento.
De acordo com órgão estadual, a Promotoria de Justiça Cível de Cruzeiro do Sul estabeleceu o prazo de 10 dias para que a unidade esclareça os procedimentos que foram adotados diante do estado de saúde de Ana Caroline.
“O procedimento foi instaurado pelo promotor de Justiça Substituto André Pinho e visa apurar possíveis falhas no atendimento à parturiente”, afirma o MP.
G1