Um paradoxo. É o mínimo que se pode dizer sobre a atuação do controlador-geral da União no Acre, Osmar Nilo Bezerra, que enquanto conclui robustos relatórios contra a gestão do governo do Acre tem a esposa, a advogada Flávia Albuquerque Rodrigues, nomeada em uma diretoria na Secretaria da Mulher com um salário de R$ 12 mil reais. Não há impedimento algum para que a advogada Flávia Albuquerque esteja nomeada em cargo comissionado no governo Cameli, mas moralmente é questionável, pois os maiores apontamentos de irregularidades do governo estadual partem do órgão que tem Osmar Nilo como chefe geral.
No site oficial da CGU há uma importante discrição do que seria a missão da instituição que é prevenir e combater a corrupção e aprimorar a gestão pública, fortalecendo os controles internos e incrementando a transparência, a ética e o controle social. Talvez seja justamente a ética do superintendente Osmar Nilo que deva ser questionado aqui.
A nomeação da esposa de Nilo é do dia 6 de março de 2023. Nos meses subsequentes à nomeação da advogada a CGU no Acre elaborou importantes relatórios com indícios de corrupção no governo do Acre incluindo o relatório sobre a unidade mista de Assis Brasil e mais recentemente um contra a Secretaria de Estado do Acre (Sesacre).
A reportagem entrou em contato com Osmar Nilo e ele afirmou que a nomeação da esposa não afeta seu trabalho ou compromete sua isenção.
“Minha atuação é diferente da dela. Ela tem a carreira dela como advogada eu tenho a minha. Não tenho nenhuma relação com a vida profissional dela”, disse.
Questionado se acredita que tem legimidade moral para ser superintendente de um órgão de controle que denúncia o governo que sua esposa compõe, Osmar Nilo respondeu que os relatórios são feitos com total independência.
“Eu não denuncio o Estado, sou representante de um órgão que exerço carreira como servidor concursado. Esse órgão faz trabalhos de auditoria que estão publicados. Os relatórios são elaborados por auditores também de carreira e com total independência. Os achados falam por si”, frisou.
