Rio Acre decresce de 1 a 2 centímetros por dia e Defesa Civil prevê cenário caótico

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Em publicação no Instagram nesta terça-feira, 25, o jornalista Altino Machado chamou a atenção para o cenário caótico que se desenha no Acre a esta altura do ano, com o nível do Rio Acre abaixo da marca dos 2 metros em Rio Branco.

Machado destacou o decréscimo do nível do rio entre 2 de abril e 25 de julho, que se aproximou dos 16 metros — na primeira data, o Rio Acre atingiu 17,72 m, desabrigando milhares de pessoas, na capital. Nesta terça-feira passada (25) o nível do mesmo rio foi a 1,94 m e baixou mais 2 cm nesta quarta-feira, 23, chegando a 1,92 m.

“Em alguns trechos já é possível atravessar o Rio Acre com água abaixo da cintura”, ele ressalta.

Indagado pelo jornalista, o coordenador da Defesa Civil Municipal de Rio Branco, o tenente-coronel Cláudio Falcão, disse que o seu prognóstico não é nada animador.

“Realizei um levantamento, desde 2015 até agora. Estamos sempre com níveis muito baixos nesta época do ano, o que não significa dizer que estamos atravessando um ciclo normal. Não está normal”, afirmou Falcão.

O coordenador, que acumula 15 anos de experiências na Defesa Civil do Estadual e do município de Rio Branco, disse ainda que o ideal era que o Rio Acre estivesse, agora, com pelo menos o dobro do nível atual.

“Na realidade temos duas situações. Dentro do nosso plano de contingência, tracei uma linha vermelha, sendo risco, perigo; e também tracei uma linha azul, que seria o ideal. E o ideal na nossa linha azul apresenta ao menos o dobro do valor que está sendo registrado, ou seja, o Rio Acre com 4 m de profundidade”, acrescentou.

Falcão ainda explicou que como a situação tem piorado a cada ano, a partir de 2015, não existe uma perspectiva positiva. Segundo ele, no ano passado foi batido o recorde da série histórica, em 2 de outubro, quando o Rio Acre alcançou 1,25 m. Ainda na segunda quinzena de julho, o nível chegou a 1,94 m.

“O Rio Acre está decrescendo de 1 cm a 2 cm por dia. Então, a gente pode alcançar a mesma marca do ano passado. Se a gente só olhar para o Rio Acre não existe preocupação maior. Mas se olharmos para todo o cenário, temos estiagem com muita gente sem água, a questão do abastecimento urbano e rural, além dos riscos de incêndios e queimadas”, observou.

Cenário caótico

“O prognóstico é ruim. Tudo isso agravado pelo fato de que hoje (25/7) teremos o dia mais quente dos últimos tempos: 36ºC no termômetro com sensação térmica de 40ºC. Essas ondas de calor com ausência de chuva, vegetação seca, baixo nível dos rios, igarapés e represas, contribuem para um cenário caótico para nós”, concluiu Cláudio Falcão.

Diretamente ao ac24horas, o coordenador disse, na semana passada, que a Defesa Civil municipal está com seu plano de contingência pronto para poder fazer frente à questão de abastecimento de água, já faz a partir da operação Estiagem, abastecendo pelo menos três mil e quinhentas famílias na zona rural e apoiando alguns bairros que sofrem com a falta de água.

Falcão acrescentou que com o agravamento da situação, outros pontos do plano de contingência serão colocados em prática, nas zonas rural e urbana com o fim de minimizar os impactos da escassez hídrica. Para ele, o Rio Acre é apenas um termômetro de toda a situação climática que acomete o estado nesta época do ano.

“Nós estamos em um período muito seco, com zero de chuva em julho, no ano passado também não choveu nada neste mês, e sem chuva não tem como melhorar nível, não tem como a vegetação se restabelecer para evitar queimadas e uma série de outras consequências. Então, não temos perspectivas que melhore, pelo contrário, deve haver uma piora nos meses de agosto e setembro”, enfatizou.

Chuvas abaixo e calor acima da média

Informações do Relatório Hidrometeorológico do Acre, divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas (Semapi) indicam o prognóstico para o trimestre de julho–agosto – setembro de 2023 de chuva abaixo da média no estado.

Assim também deverá ser em Roraima, Amapá, faixa norte dos estados do Pará, Maranhão, Rondônia, além da faixa leste do Amazonas e oeste do Pará.

Nas demais áreas da Amazônia Legal, a precipitação ficará próxima da média climatológica. Quanto à temperatura, a previsão é de que o calor fique acima da média climatológica na região, inclusive no estado do Acre.

Ac24horas

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