30 abril 2024

Em Acrelândia, coordenador pedagógico registra boletim de ocorrência contra criança de 6 anos com TDAH

Gina Menezes

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Um estranho caso foi parar nas mãos do delegado de Polícia de Acrelândia. O coordenador pedagógico da Escola Rita Bocalom, Valderi Bettencourdi dos Santos, registrou um Boletim de Ocorrência (BO) contra D.M.S.M, 6 anos de idade, por agressão.

No BO, registrado no dia 14 deste mês, a ocorrência foi qualificada como conflitos diversos e outros. No boletim confeccionado na delegacia chama a atenção a data de nascimento do suposto infrator: 22 de maio de 2017, sendo, portanto, que atingirá 7 anos apenas no ano que vem.

No BO, o coordenador pedagógico, suposta vítima da criança, conta que o menino, que é portador de TDDH e é também hiperativo, ficou agressivo, desferiu um tapa no rosto dele que chegou a sangrar.

A mãe da criança, S. S, conta que o filho possui laudos para atendimento especial e que mesmo assim a escola não dá a atenção devida.

“Fiquei surpresa quando eu descobri que ele denunciou meu filho. Meu filho é uma pessoa que necessita de ajuda, ele tem só 6 anos. Na escola eles reclamam do meu filho, dando a entender que eu não dou a medicação”, declarou.

A mãe da criança conta que a escola não está preparada para atender crianças com TDDH e que em uma crise o filho foi trancado dentro de uma sala.

“Ele entrou em crise e quando eu cheguei lá na escola eles estavam dentro de uma sala com meu filho trancado. Eu disse a eles que trancar numa situação naquela era pior”, declarou.

A reportagem da Folha do Acre entrou em contato com o coordenador pedagógico Valderi Betencourd, que afirmou que a intenção de ter registado um BO na delegacia foi para que a situação do menor fosse analisada por órgãos competentes.

“Não era para punir ele e sim para que todos saibam que tem um problema, que não temos estrutura para lidar com um caso especial e que precisamos de ajuda. Ele me agrediu e sangrou. Sou um homem adulto e se tivesse sido com outra criança? O que precisamos é que nós deem condições para lidar com a situação, pois além dele na sala tem outras crianças”, frisou.

A diretora da Escola Rita Bocalom, Elizabeth Espíndola, afirmou que a escola jamais tratou a criança de forma indigna, que tem orientado a mãe a proceder com o caso e que está pronta para ajudar.

“Nós apoiamos a mãe. A escola jamais fez qualquer discriminação ou ofereceu tratamento indigno. Entendemos que a educação deve ser inclusiva”, declarou.

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