Morte misteriosa: família de idoso morto após fugir do PS diz continuar sem respostas

 

O idoso Antônio Cândido da Silva, de 71 anos, foi encontrado morto há uma semana, no último dia 16, nas margens do Rio Acre, na região do bairro Preventório, após ter fugido do Pronto Socorro de Rio Branco. O insólito caso revoltou a família, que clama por mais esclarecimentos a respeito do fato.

Segundo os familiares, o idoso havia sido encaminhado horas antes do município de Xapuri, onde residia, para ter atendimento na capital em decorrência de fortes dores no peito. Mesmo tendo uma filha como acompanhante, ela não foi autorizada a permanecer ao lado do pai no setor em que ele ficou.

Horas depois, eles foram comunicados que o familiar arrancou o soro e saiu por conta própria da unidade, tendo sido afirmado a eles por funcionários, segundo consta no boletim de ocorrência registrado na Delegacia de Polícia da 1ª Regional, que “não tem como segurar nenhum paciente”.

Procurada pelo ac24horas, a direção do Pronto-Socorro confirmou que o idoso foi atendido na unidade e encaminhado para emergência clínica, onde o protocolo determina que não haja acompanhante. De lá, o paciente teria ido embora por conta própria, tendo a família sido avisada.

“Na verdade, nós não temos força policial dentro do PS para prender paciente. O idoso chegou aqui na unidade com diagnóstico de dor torácica, mas estava lúcido, orientado e comunicativo. Nós não temos o direito de segurar nenhum paciente à força”, disse o diretor Lourenço Vasconcelos.

Depois de uma semana, os familiares reclamam não ter nenhuma resposta sobre o acontecimento cujo desfecho foi trágico. Sebastião Silva, um dos filhos de Antônio Cândido, afirmou que a família vai se reunir para decidir que providências serão tomadas com relação ao caso.

“Está tudo muito estranho e nós queremos que as coisas sejam esclarecidas. A família continua abalada, mas vamos nos reunir para decidir o que fazer. Vamos pegar o prontuário dele em Rio Branco, nos próximos dias, e procurar os caminhos para que o que aconteceu seja investigado e esclarecido”, disse.

No que diz respeito ao boletim de ocorrência registrado na polícia, o delegado Alex Danny, que assina o documento, afirmou que o caso foi distribuído para outro delegado, mas não soube informar qual, no momento do contato. Já a Assessoria de Comunicação da Polícia Civil afirmou precisar dessa informação para se manifestar.

O ac24horas também entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). A resposta foi parecida com a dada pela direção do Pronto-Socorro logo após o sumiço do idoso, cerca de uma semana antes dele ser encontrado morto com marcas de violência.

“A parte do PS é o pronto atendimento, não se consegue manter o paciente preso na unidade contra a sua vontade. Ele estava consciente, estava falando, disse que não queria e foi embora. No momento do atendimento na emergência clínica a família sequer comentou que o paciente tinha deficiência mental”, afirmou a assessora Lilia Camargo.

Após a publicação desta matéria, o delegado Alex Danny informou que o caso foi distribuído para o delegado Judson Barros, mas a reportagem não conseguiu contato com ele.