Acusado pelo assassinato do ex-atacante da base do Vasco-AC, Ygor Santos de Araújo, de 21 anos, em 28 de março do ano passado em Rio Branco, Wandresson Tavares Coelho vai a júri popular. A decisão de pronúncia assinada pela juíza Luana Campos, da 1ª Vara do Tribunal do Júri da comarca de Rio Branco, ainda cabe recurso.
Coelho responde pelo crime de homicídio qualificado e por integrar organização criminosa. Na mesma decisão, a magistrada manteve a prisão do réu. A data do júri ainda não foi definida. O g1 não conseguiu contato com a defesa do acusado até última atualização desta reportagem.
O ex-atacante estava em uma motocicleta e foi levar uma prima em casa no Residencial Cabreúva. Já na volta, ele foi perseguido e abordado por dois motoqueiros, que o executaram com cerca de três tiros. Após o crime, a dupla fugiu do local. O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo de ser socorrido.
Acusado nega autoria
Durante interrogatório, segundo o processo, Wandresson Coelho declarou que nunca fez parte de facção, que não matou o Ygor e que só estão lhe acusando porque a moto encontrada no local do crime era sua.
Ainda conforme o documento, o réu afirmou que no dia dos fatos estava em casa, que não foi no local do crime naquele dia, e que nem saiu de casa. Ele disse ainda que não era mais dono da motocicleta no dia dos fatos.
Decisão de pronúncia
Ao analisar as provas, a juíza Luana Campos apontou que os indícios de autoria são robustos e apontam o acusado como sendo o autor do crime. A magistrada ressaltou que os depoimentos dos investigadores foram “claros e coesos” sobre a autoria, uma vez que Coelho já era alvo de outras investigações, tinha sido identificado como sendo autor de um outro homicídio e nas apurações a polícia havia constatado que ele era proprietário da moto usada na morte do ex-atacante.
“Conforme as provas coletadas, tão logo a moto encontrada no local dos fatos foi identificada, os policiais começaram a procurar o réu para interrogá-lo, ocasião em que este negou sua participação. Contudo, ao ser apreendido o aparelho celular do réu, foi comprovado pelas Erbs que este esteve nas imediações do local do crime no dia dos fatos”, pontuou a magistrada na decisão.
Outro ponto citado pela juíza foi com relação a uma testemunha que teria presenciado o momento em que o atirador executou a vítima. A testemunha teria descido do carro para socorrer o jovem e viu o rosto do executor, uma vez que a moto usada por ele apresentou problemas e ele saiu empurrando o veículo, dando tempo suficiente para que o reconhecesse.
Para a magistrada, o motivo torpe ficou configurado, pois as provas apontam que a motivação do crime foi “essencialmente para impor medo e vangloriar a facção criminosa da qual o acusado supostamente participava.” Já o recurso que dificultou a defesa da vítima foi representado pelos depoimento das testemunhas, que relataram que a vítima foi surpreendida.
‘Matou covardemente’, diz promotor
O réu passou por audiência de instrução em janeiro deste ano. Após a oitiva das testemunhas e interrogatório do réu, a promotoria entendeu que a vítima foi morta por engano após deixar uma parente em casa. Segundo o promotor Carlos Pescador, no dia do crime, o acusado estava em buscar de “matar por matar”.
Após a oitiva das testemunhas e interrogatório do réu, a promotoria entendeu que a vítima foi morta por engano após deixar uma parente em casa. Segundo o promotor Carlos Pescador, no dia do crime, o acusado estava em buscar de “matar por matar”.
“Ele matou covardemente um jogador de futebol com um futuro brilhante pela frente. Por engano, o que é pior. Negou, mas tudo prova que foi ele. Zero dúvida de que ele matou. [Ygor] era um menino correto, estava ajudando a tia, na ausência do tio, a ir e voltar do trabalho. Vítima limpa, sem nada, seria um grande jogador. Um absurdo. O Yago era um ótimo menino, correto, família, uma pessoa muito boa”, disse Pescador.
Denúncia
Na época do crime, a polícia já havia informado que o jovem tinha sido vítima inocente da guerra entre facções criminosas. Coelho foi denunciado pelo MP-AC pelos crimes de homicídio qualificado e por integrar organização criminosa.
Conforme a denúncia do MP, o acusado junto com uma segunda pessoa não identificada mataram o jovem com três tiros por motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A motivação foi considerada torpe porque, segundo o MP, o acusado e o comparsa tinham o objetivo de realizar ataque em área de domínio de organização criminosa rival à que integram. Já o recurso que dificultou a defesa da vítima é porque os dois deram os disparos de arma de fogo enquanto o jovem estava na motocicleta.
A Associação Desportiva Flamengo do Acre lamentou a morte de Ygor, que era do clube desde 2018, e informou que ele sonhava em ser atleta profissional.
“Nosso clube lamenta profundamente a perda repentina de nosso atleta. Antes de qualquer coisa, Ygor Santos era um grande ser humano, amigo, leal e companheiro. Ygor vivia o esporte, sonhava em ser atleta profissional, amava o futebol.”
G1