Passagens de avião acima de R$ 2 mil, voos cancelados e mais de 20 horas de viagem pela BR: as dificuldades para chegar a Cruzeiro do Sul

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Viajar até Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, tem sido uma verdadeira saga. Mesmo com a segunda maior população do estado, com 89.760 habitantes, a falta de manutenção na BR-364 e de uma fiscalização com a oferta de voos, que dão acesso à cidade, tem tornado a viagem amarga para quem precisa ir à cidade.

Atualmente, apenas uma companhia aérea opera voos com destino à cidade, e em dias alternados, no período noturno. O alto custo das passagens torna o problema ainda mais grave. Desde março de 2022, a Gol opera os voos às segundas, terças, quintas e sábados, e apenas à noite. De acordo com a empresa, não há previsão para aumento do quantitativo destas viagens.

Comprada em cima da hora, a passagem pode chegar a R$ 2.189,11, somente a ida. O tempo de voo em Cruzeiro do Sul é de menos de uma hora.

O g1 fez uma simulação, com ida e volta, saindo no dia 27 de abril e voltando em 4 de maio. A passagem de ida e volta fica em R$ 3.935,22.

Escassez de voo e cancelamentos

Além de preços altos pelo trecho, a cidade sofre com escassez de voo. A dificuldade no transporte até a segunda maior cidade acreana ficou evidenciada esta semana, quando passageiros da Gol Linhas Aéreas ficaram impossibilitados de decolar por conta da neblina que impediu a chegada de voos à cidade. Atualmente, só a Gol opera na cidade.

Os clientes reclamaram da falta de informação e auxílio da companhia, e muitos relataram prejuízos por conta de compromissos que acabaram atrasados. Foi o caso da médica ginecologista Ana Carolina Souza Cavalcanti, que foi à cidade para cumprir plantões e não conseguiu retornar a Rio Branco. Ana Carolina também diz que ela e outros passageiros foram levados a um hotel, mas a Gol não se responsabilizou pela alimentação deles.

A agenda de voos em Cruzeiro do Sul é insuficiente para o engenheiro civil Gilberto Siqueira, um dos passageiros que aguardava para fazer o trajeto de Cruzeiro do Sul rumo a Rio Branco. Para ele, além de mais disponibilidade de voos, as decolagens deveriam acontecer durante o dia.

“Nós só temos um voo aqui, isso é vergonhoso principalmente porque nessa época do ano até junho, a gente sempre tem esse problema, não sabe se chega, não sabe se volta, não sabe quando chega, não sabe quando volta, e isso é uma loucura. Eu acho que a Anac deveria tomar uma providência em relação a essa questão da programação de voos aqui, e esses voos devem ser diurnos, porque nós conseguimos mais facilidade de voo. É um prejuízo danado pra quem trabalha, pra quem tem que cumprir seu dia a dia. Eu tô pegando carona com um amigo, vou pra Feijó, para de lá pegar outra carona para chegar [a Rio Branco]”, relata.

A empresa informou que deve criar duas operações extras para a madrugada da quinta-feira (27), uma saindo de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, e outra saindo do Juruá rumo a Rio Branco. Além disso, a companhia afirma que está informando seus clientes sobre os novos voos. (Veja a íntegra da nota ao fim deste texto).

Já sobre preços de passagens aéreas, a empresa alega que o ideal é que o passageiro antecipe a compra para evitar um valor muito alto.

“A curva de precificação praticada pela companhia permite que os diferentes perfis de clientes tenham acesso ao transporte aéreo no país, seja ele corporativo ou de lazer. Este modelo faz com que as tarifas tenham oscilação constante – considera a antecedência de compra da passagem e a ocupação da aeronave – permitindo que, em contrapartida, os passageiros que não conseguem se planejar e necessitam adquirir de última hora um bilhete também tenham opções disponíveis (muitos dos casos dos clientes corporativos, ou aqueles de viagens de emergência)”, destacou em nota.

Mais de 20 horas de ônibus

 

Outra maneira de chegar até a cidade é pela BR-364, mas as más condições da estrada maltratam quem precisa dela para se locomover. A viagem que durava entre 8 a 12 horas de ônibus, agora ultrapassa as 20 horas e, dependendo do dia, pode durar as 24 horas. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já chegou a informar que não foram garantidos recursos para a estrada no ano passado e, por isso, a situação ficou crítica.

As más condições da rodovia acabam afetando no custo das passagens de ônibus. No ano passado, os preços para viagens intermunicipais sofreram dois ajustes, sendo o último em junho. O aumento foi de R$ 1 entre Rio Branco a Bujari e chega a R$ 37 entre a capital e Cruzeiro do Sul.

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