“Foi minha vida toda procurando por ele, querendo conhecer, sentir o abraço dele, o cheiro dele, queria falar que eu o amava. Tivemos pouco tempo”. A frase, que saiu engasgada, é de Chaeno Moura, filho do idoso Astrogildo Victor Souza de Moura, de 72 anos, que morreu no grave acidente envolvendo um ônibus e uma carreta nesse domingo (5) na BR-174, em Cáceres, a 250 km de Cuiabá.
O ônibus envolvido no acidente tinha saído da capital acreana com destino a Goiânia, em Goiás. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os dois veículos bateram de frente e sete pessoas morreram.
Moura contou ao g1 que nasceu em Rio Branco, no Acre, e com um ano de vida foi embora com a mãe para Goiás e desde então perdeu o contato com o pai. O sonho de reencontrá-lo nunca saiu da sua cabeça, até que encontrou um registro de nascimento na casa da avó materna e descobriu o nome completo do senhor Astrogildo.
Foi então que o filho resolveu gravar um vídeo e postar na internet em 2018 para tentar localizar o pai, até que conseguiu ter notícias dele. A primeira vez que eles se viram foi por ligação de vídeo e, desde o reencontro, há cerca de quatro anos, os dois se viram quatro vezes pessoalmente. O idoso chegou a visitar o filho três vezes em Quirinópolis, em Goiás, e Moura foi até a casa do pai, em Rio Branco, uma vez.
O idoso queria que a esposa também conhecesse o local onde o filho vivia e, dessa vez, decidiu viajar com ela até Goiás. Maria Alice Araújo Barros, de 63 anos, também está entre as vítimas fatais do acidente.
“A esposa dele me conhecia porque eu fui em Rio Branco, mas ela não conhecia aqui e ele queria muito que ela viesse para conhecer o Goiás, a cidade que eu moro. Eles iam passar entre 12 e 15 dias aqui, eu ia hoje [segunda, 6] para Goiânia para buscar eles, que chegariam às 6h. A última vez que a gente conversou foi nesse domingo [5] de manhã. Ele me ligou e disse ‘meu filho, estamos bem, amanhã eu chego aí, o papai te ama’ e eu falei que também amava ele demais. Agora fica a saudade”, disse.
G1