O juiz Alesson Braz realizou na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Rio Branco, na Cidade da Justiça, na tarde desta quarta-feira, 25, o esperado depoimento do policial federal Victor Manoel Fernandes Campelo, 30 anos – acusado de matar com um tiro o estudante Rafael Chaves Frota, de 26 anos, em junho de 2016. O acusado afirmou que foi agredido por três pessoas antes de fazer os disparos de arma de fogo – que ocorreram após presenciar sua ex-namorada ser agredida.
Bastante tranquilo, Campelo fez breves apresentações do seu histórico de vida e fez questão de afirmar que efetuou os disparos após ser agredido na boate por três pessoas presentes na festa. “A gente chegou por volta de 1h da madrugada, com Leônidas, Edgar e outro fomos no meu carro, não fiz ingestão de bebida alcoólica. Ficamos próximo ao palco. Nesse momento, a minha percepção era que ela tinha tomado um tapa, algo do tipo, ele [Marquinhos] vinha xingando ela [sua ex-namorada]. Daí eu intervi, tomei um soco de um deles e caí ao chão, desacordado”, recordou.
Victor destacou ainda que os disparos ocorreram por legítima defesa em virtude da ocasião. “Eu ia pra cima, vi os caras em cima de mim me agredindo, me lembro de três, de todas as formas, chutes. Tinha uma pessoa bem acima de mim e outra ao lado encostado nas laterais. Nesse momento, puxei a arma na frente e efetuei dois disparos direcionados para cima. Efetuei quatro disparos para cima”, ressaltou.
Campelo contou em seu depoimento que somente após os tiros, percebeu que estava baleado e decidiu sair da boate em busca de atendimento. “Não vi o Rafael, atirei na direção dos caras que estava me agredindo. Nesse momento, quando fiz os disparos eles saíram de cima de mim, alguém me agarrou pelas costas, tentaram tomar minha arma, alguém chutou minha arma, eu me levantei e percebi que havia sido baleado. Daí chegaram meus amigos e perguntei onde estava a arma. Eles me levaram ao hospital”, declarou.
O agente federal disse ainda que entende a dor dos familiares do jovem Rafael Chaves – morto na boate noturna e que a fatalidade ficou marcada na sua vida. “Eu entendo a dor das pessoas. Eu saí do hospital, saí, fui a audiência de custódia e depois fiquei um tempo com a perna imobilizada. A única coisa foi que fiquei receoso e cauteloso, com ansiedade também. Vou levar pro resto da vida a morte do Rafael”, esclareceu.
Após os acontecimentos, Victor revelou que passou algum tempo sem sair de casa para baladas. “Fiquei muito tempo retido, sem sair, quando voltei a sair ia ao Vintage por ser um local sem muvuca, meio bar”, comentou.
Interrogatório do MP
Ao ser questionado pela promotoria do Ministério Público se já havia se envolvido em confusões, Fernandes negou. “Nunca me envolvi em brigas”, ressaltou.
Além disso, o acusado mencionou que os tiros efetuados foram para afastar os agressores na boate e descartou que sua intenção fosse atingir os presentes na festa. O MP também indagou Victor sobre as imagens dos hematomas sofridos, mas, o policial disse que não tirou as fotos e nem fez teste do bafômetro.”Não fui indagado a isso”, argumentou.
O promotor Teotônio Rodrigues, perguntou ao acusado se não havia outra maneira de se defender das agressões – além dos tiros efetuados. “Nunca fiz artes marciais, não tinha técnica para isso. Eram três em cima de mim”.
Fernandes deverá responder por homicídio simples, com reclusão de seis a 20 anos de prisão. O conselho de sentença é formado por sete jurados. O julgamento está marcado para encerrar na quinta-feira, 26 – podendo ser estendido para a sexta-feira.