Mãe de jovem morto por policial federal vai acompanhar julgamento: ‘a justiça divina tarda, mas não falha’

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Após quase 7 anos da morte do filho, a mãe Alcineide Chaves Frota, 57 anos, retornou ao Acre para acompanhar o desenrolar judicial do caso.

O julgamento do policial federal Victor Campelo, acusado de matar a tiros, em 2016, o jovem Rafael Chaves Frota, em uma boate de Rio Branco, começa nesta terça-feira, 24. Após quase 7 anos da morte do filho, a mãe Alcineide Chaves Frota, de 57 anos, retornou ao Acre para acompanhar o desenrolar judicial do caso, e falou com exclusividade com a reportagem do site A GAZETA.

Neide, como é mais conhecida, foi embora com a família, marido e filho, do estado. Segundo ela, após a morte do filho mais novo (Rafael) e ter sofrido “muita perseguição”, perdeu o gosto de viver em Rio Branco. Atualmente, ela mora na Paraíba e teve que retornar à sua terra natal às pressas para acompanhar o julgamento.

“Para mim foi uma surpresa receber a ligação, sendo avisada do julgamento. Porque já foi tanta apelação da defesa [do acusado], que eu pensei que não ia haver mais julgamento. Mas, a minha graça é que bateu na mão do Ministério Público. Então, eu tive ainda um fundo de esperança e, graças a Deus, se cumpriu”, disse Neide, que chegou na capital acreana no último sábado, 21.

Sem recursos para pagar advogados, segundo a matriarca, a família conta com a promotoria pública. A defesa do policial federal é constituída por oito advogados. À época do crime, o pai de Rafael era professor em uma faculdade de Ensino Superior, onde o filho estudava odontologia. Depois do ocorrido, ele não teve mais condições emocionais de dar aula, adquiriu graves problemas de saúde, entre eles, cardíaco e diabetes, e foi obrigado a se aposentar mais cedo que o comum.

“Ele não teve mais condição de dar aula e eu tive que abandonar a minha vida profissional aqui para ir embora. Porque eu achava que a justiça não ia acontecer. Porque o meu sentimento era que uma coisa que tinha dado tanta repercussão ia acabar em nada. Mas, eu tinha fé que Deus sabia toda a verdade e a justiça divina tarda, mas não falha”, afirmou a mãe.

De luto pela irmã que faleceu há 8 dias, Neide pretende acompanhar todo o julgamento. “Eu espero que a verdade venha à tona. Porque quem participou das oitivas sabe da verdade, mas quem não participou, não sabe. E eu espero que ele [Victor] perca a farda dele, não quero nem que seja preso, só que ele perca a farda dele”, revelou a mãe de Rafael.

Apesar de estar em fase de estágio probatório para a Polícia Federal, à época, Victor Campelo teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, na audiência de custódia realizada no dia seguinte, mas, em agosto de 2016, foi expedido alvará de soltura do réu, que retornou ao trabalho, cumprindo suas atribuições funcionais, em unidade da corporação, situada em outro estado do país.

Desde então, houve os trâmites do inquérito policial, culminando na sentença de pronúncia, decretada em 2019, confirmando o julgamento pelo júri popular, que só está sendo realizado em janeiro de 2023.

Perseguição

Ao site A GAZETA, Neide afirmou ter sofrido muita perseguição e ser vítima de fake news, nos primeiros dois anos após o assassinato do filho.

“Ninguém sustenta uma história mentirosa por muito tempo, apesar que da boca do Victor eu nunca ouvi nada. Mas, o irmão dele, os amigos deles, todo mundo falava mal do meu filho. Foi mais ou menos uns dois anos com perseguição total. As pessoas faziam fake news para atingir a imagem do meu filho, eram muitos fake news”, relembra a mãe.

Após muitos anos de luta e quase desacreditar que o julgamento iria acontecer, a família Chaves Frota foi embora do Acre.

“Um dia eu acordei, abri um site e tinha as fotos do meu filho fatiado. Pegaram as fotos dele na perícia que tinham feito e colocaram em jornal, para tentar dizer que tinha sido tiro a queima roupa. Sabe o que é tu abrir umas fotos e ver o seu filho partido ao meio? Eles fizeram muita apelação e quando viram que não conseguiria nada contra o meu filho, eles começaram a apelar na justiça. Eu fui embora de Rio Branco, mas eu nunca deixei o caso do meu filho morrer”.

A Gazeta do Acre

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