Jovem Pan corre risco com saída de anunciantes e desmonetização no YouTube

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Emissora que apoiou Bolsonaro é alvo de campanha para perder faturamento com publicidade

Pelo menos 7 empresas anunciaram a intenção de suspender anúncios na Jovem Pan após o boicote lançado pelo perfil Sleeping Giants Brasil, ou Gigantes Adormecidos Brasil, no Twitter.

O autodenominado ‘Movimento de consumidores contra o financiamento do discurso de ódio e das fake news’ acusa o canal de promover discursos antidemocráticos e ofensivos por meio de seus âncoras e comentaristas.

O vídeo da campanha mostra jornalistas da emissora se colocando a favor de guerra civil, intervenção militar, desacreditando a vacina contra a covid e o uso de máscara, fazendo citações polêmicas sobre judeus e o nazismo, entre outras situações.

A suposta perda de anunciantes coincide com a apresentação de um editorial da Jovem Pan na TV. O texto lido pelo apresentador Adalberto Piotto diz que o canal “nunca vai apoiar qualquer manifestação que caminhe na direção do enfraquecimento ou da destruição de nossas instituições”.

Em outro trecho, afirma que a emissora “não faz coro e não endossa qualquer lampejo golpista, ato de violência ou o uso retórico irresponsável de instrumentos constitucionais como o artigo 142 da Constituição”.

A iminente sangria de anunciantes acontece dois meses após a Jovem Pan perder a monetização de seus canais no YouTube. A plataforma do Google justificou a suspensão após constatar, segundo divulgou, violações recorrentes das políticas de combate à desinformação.

De acordo com cálculo do mercado, o pagamento pelos anúncios nos vídeos rendia à empresa cerca de R$ 1,5 milhão por mês.

A perda dessa fonte de renda e a possível queda das receitas publicitárias causada pela ação do Sleeping Giants Brasil podem comprometer as operações da Jovem Pan.

Uma emissora de rádio ou TV depende dos anúncios para pagar as contas. Um revés na previsão de faturamento coloca em risco a manutenção das transmissões e dos empregos.

Caso o boicote contra o canal esvazie os intervalos comerciais, a rede do empresário Tutinha vai precisar mais do que editoriais politicamente corretos para mudar sua imagem pública e evitar uma crise.

Nos últimos anos, todas as empresas de comunicação — inclusive a poderosa Globo — sofreram com o aumento dos custos fixos e os altos e baixos do humor dos grandes anunciantes.

Pelos comentários no universo televisivo, a Jovem Pan News tem registrado lucro, porém, não teria caixa suficiente para se manter sem anúncios, como ocorre com a CNN Brasil, que recebe aportes frequentes de seu dono, o bilionário Rubens Menin.

Lançada em outubro de 2021, a JP News logo se destacou pela linha editorial aberta às pautas da direita e extrema-direita, e da defesa enfática de Jair Bolsonaro e seu governo.

Não demorou a ultrapassar a CNN Brasil, no ar desde março de 2020, e chegou a encostar eventualmente na líder do segmento no Ibope, a GloboNews, em algumas coberturas.

No ranking de novembro do Painel Nacional de Audiência, a Jovem Pan News conseguiu o 14º lugar, apenas 5 posições atrás do canal de notícias da Globo e 16 à frente da CNN Brasil.

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