“Deixo bons amigos e também me livro de alguns. Estou muito tranquila, muito serena, com a minha consciência me paz”, disse a prefeita, expulsa por infidelidade partidária, após 27 anos no partido.
A prefeita de Brasileia, Fernanda Hassem, foi expulsa do Partido dos Trabalhadores (PT-AC) por acusação de infidelidade partidária. A decisão foi tomada pela sigla, nesta segunda-feira, 12, e informada por meio de resolução.
Segundo a acusação, Fernanda teria optado por apoiar o governador Gladson Cameli (PP), nas eleições de 2022, ao invés do candidato do seu partido, Jorge Viana (PT). Caso queira contestar a decisão, a prefeita tem o prazo de 10 dias para apresentar defesa ao PT nacional. Fernanda não perde o mandato devido à expulsão.
À GAZETA, a prefeita disse estar tranquila. “Eu não vou recorrer, todo partido tem as suas regras. Eu tenho 27 anos de Partido dos Trabalhadores, mais da metade da minha vida dentro desse partido, então, estou muito tranquila. Dentro do partido, de tudo eu fui, ajudei muito o PT ,como o PT também me ajudou. Deixo bons amigos e também me livro de alguns. Estou muito tranquila, muito serena, com a minha consciência me paz”, enfatizou.
Apesar de não confirmar se apoiou ou não o governador Gladson Cameli, Fernanda afirma que suas atitudes foram discutidas coletivamente.
“Todas as minhas decisões, todas as minhas atitudes não foram de forma isolada, todas foram consultadas de forma coletiva, com o grupo do qual a gente faz parte, aqui na região, e, sobretudo, em Brasileia. E, diga-se de passagem, boa parte desse grupo é do PT, e todos chancelaram minhas decisões. Estou muito tranquila, vou respeitar, e não vou dizer nenhuma palavra da casa na qual fui acolhida, durante muito tempo”, destacou.
Durante a entrevista, a prefeita fez questão de deixar uma mensagem ao ex-senador Jorge Viana, a quem intitulou de “maior líder”. “Que ele busque, cada vez mais, agir, conforme aquilo que ele fala em público. Que a fala dele em público seja semelhante ao caminhar, as suas atitudes. Sei que a decisão é do PT de Rio Branco, porque não foi do PT local (de Brasileia), foi do PT estadual, foi motivada por uma decisão do Jorge. Então, eu respeito, vou sempre respeitar. Mas, que o PT volte às suas origens e se lembre de como é que era antes, quando a população estava acima de tudo, e não um determinado grupo de pessoas, que é o que eu vejo acontecendo hoje”, disse.
No Partido dos Trabalhadores, Fernanda afirmou deixar amigos. “Deixo excelentes amigos, a exemplo do Tião Viana, um ser humano incrível e a exemplo do PT de Brasileia. Excelentes amigos. E saio com a minha consciência muito, mas muito tranquila”.
Sobre sua ida para uma nova sigla, Fernanda afirmou que já recebeu muitos convites, mas, vai aproveitar as festividades de fim de ano para descansar e reavaliar os novos rumos políticos de sua caminhada. “Já recebi alguns convites, com algumas pessoas já conversei, mas é muito recente e eu vou dar tempo ao tempo. Agora, certamente eu irei, sim, para uma nova casa, integrar um novo partido porque a gente está na vida pública e a vida pública requer de nós coragem, postura e isso eu tenho. E eu tenho ainda dois anos, se Deus me permitir, a frente do município de Brasileia. Quero contribuir significativamente com a política do Alto Acre, de Brasileia e do Acre. E a vida que segue”.
Novas expulsões
Nos próximos dias, o PT-AC vai julgar o casos dos prefeitos de Assis Brasil e Mâncio Lima, Jerry Correia e Isaac de Souza Lima, também por infidelidade partidária, bem como dos vereadores:
- Assis Brasil: Juraci Pacheco de Morais;
- Brasileia: Lessandro Jorge André Lopes, Elenilson da Silva Santos;
- Mâncio Lima: Renan da Costa Silva, Jean de Almeida Figueiredo e Joel Ferreira Lima;
- Marechal Thaumaturgo: Edesio Matos dos Santos.
No caso dos parlamentares, caso sejam expulsos do partido, estão sujeitos a perder o mandato.
A Gazeta do Acre