Lojistas são ouvidos em audiência pública sobre terceirização do Shopping Popular de Rio Branco

Lojistas do Shopping Popular de Rio Branco participaram de uma audiência pública na Câmara Municipal de Vereadores nesta sexta-feira (25). Com a mudança na administração do empreendimento, os comerciantes afirmam que não tem como pagar o aluguel que será cobrado pela empresa que vai administrar o shopping.

Os camelôs levaram cartazes e protestaram durante audiência pública.

O Aquiri Shopping deve ser administrado pela iniciativa privada por um prazo de seis anos. A empresa ganhou o processo licitatório recentemente e assinou a documentação de transição com a Prefeitura de Rio Branco no início deste mês. A implantação da nova gestão deve ser concluída no mês de dezembro.

Ao g1, o presidente do Sindicato dos Camelôs, Carlos Juruna, explicou que uma das principais pautas da audência foi o valor do aluguel que a empresa pretende cobrar dos boxes – R$ 100 por metro quadrado de cada espaço.

“A maioria do pessoal ali está falido. Nosso público ali era o povão e como acabou isso, fica difícil. Ali a partir das 14h vira um deserto calçadão. Estamos agonizando e tentando sobreviver. A empresa ganhou a licitação e não estamos em busca de culpados”, destacou.

O ex-vereador de Rio Branco disse que há dois pontos em discussão com a prefeitura e a nova empresa. São eles:

  • Retorno das concessões;
  • Precificação

“Toda vida pagamos para a prefeitura, mas um preço justo. Estamos discutindo a precificação com a empresa porque o preço que apresentou foi R$ 100 o metro quadrado e a gente não tem condições de pagar. Tem ponto lá que não vende, fizemos uma planilha de custo e chega a dar R$ 90 mil para a empresa e disseram que não tem condições”, lamentou.

Audiência pública

Diante dessas dificuldades, Juruna falou que a categoria procurou a vereadora Michelle Melo e pediu uma audiência pública. Além dos vereadores, estiveram na sessão desta sexta representantes da prefeitura e da empresa terceirizada.

“Fomos pedir socorro na cada do povo mesmo, para os vereadores, a prefeitura. Ficou acordado para suspender o decreto para a gente não acionar o contrato. Terça-feira [29] vai haver uma reunião com o sindicato, vereadores, foi criada uma comissão de vereadores com a prefeitura para a gente debater esses dois pontos. A gente quer pagar, mas que seja um preço justo porque da forma que a empresa quer não conseguimos”, pontuou.

Conforme o sindicalista, a planilha de custo apontou que alguns camelôs devem pagar entre R$ 1,4 a R$ 1,7 mil de aluguel. “Essa empresa está fora de realidade aqui de Rio Branco. Fomos pedir ajuda ao prefeito. Ele isertou a gente durante esses dois anos”, concluiu.

Terceirização

 

Dois anos após a lei que terceiriza a administração do Shopping Popular de Rio Branco ser sancionada, uma empresa começa a assumir em definitivo o empreendimento.

A lei que terceiriza a administração foi sancionada pela ex-prefeita de Rio Branco, Socorro Neri, em julho de 2022. Antes da sanção, o PL chegou a ser retirado de pauta na Câmara de vereadores, no mês de junho do mesmo ano, a pedido dos camelôs que queriam ser ouvidos e pediam alterações no PL.

O estabelecimento foi inaugurado em dezembro de 2020 e, pelo menos, 480 camelôs que trabalhavam no Calçadão da Benjamin Constant foram transferidos para o local. Com a saída da administração pública, os camelôs deixam de ser permissionários e passam a ser locatários e a pagar aluguel.

Por causa da pandemia, os comerciantes só começaram a pagar taxas mensais pelos boxes no início de 2022. Essas taxas variavam de R$ 267 a R$ 400, dependendo do tamanho do espaço ocupado. Porém, apesar do investimento, os comerciantes reclamam do baixo movimento e até de problemas na estrutura do prédio.

Em entrevista à Rede Amazônica Acre no último dia 18, o prefeito Tião Bocalom disse que a gestão conversava com a empresa ganhadora da licitação para que sejam mantidos os valores cobrados antigamente pela prefeitura.

“Sabemos que nossos lojistas ainda não estão ganhando dinheiro, lá no shopping é um problema sério, no piso do meio e superior as pessoas não vão e, por isso, perdoamos o aluguel de todo mundo. Essa empresa que entrou não vai colocar o dinheiro dela, vai querer receber dinheiro”, destacou.

G1