Presidente da Argentina visita Lula nesta segunda e resgata tradição diplomática

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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, desembarcará nesta segunda-feira (31) em São Paulo, para um encontro com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou neste domingo (30) o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). A visita foi confirmada à imprensa pela chancelaria de Buenos Aires e deve ocorrer por volta das 12h.

Este será o primeiro encontro internacional de Lula que resgata ainda uma tradição diplomática entre os dois países, em que os líderes se encontram antes de qualquer outro mandatário. Em 2015, por exemplo, duas semanas após derrotar um candidato apoiado pelos petistas, o argentino Mauricio Macri se encontrou com a então presidenta Dilma Rousseff (PT) em Brasília.

A tradição, no entanto, foi rompida por Bolsonaro. Ao se eleger, o mandatário fez sua primeira viagem internacional como presidente ao Chile, então governado pelo direitista Sebastián Piñera. Lula também estaria planejando uma viagem a Buenos Aires antes da posse. Ontem, ao votar em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, o presidente eleito destacou em coletiva de imprensa que visitará os países da América do Sul e os Estados Unidos, antes de assumir o terceiro mandato como presidente. “Para restabelecer uma aliança”, justificou.

Fernández e Lula

Sob o governo Bolsonaro, as relações diplomáticas entre o país e a Argentina se tornaram meramente protocolares. O presidente da extrema-direita não compareceu à posse de Fernández em 2019. Durante sua campanha neste ano, ele ainda explorou a crise delicada que atravessa a Argentina como uma forma de atacar Lula, por conta da proximidade do petista com o presidente argentino e sua vice, Cristina Kirchner. Uma reportagem da Folha de S. Paulo também resgata que a falta de diálogo de Bolsonaro fez com que o Mercosul ficasse praticamente suspenso.

Com a eleição de Lula, a expectativa dos argentinos é que seja retomada a parceria estratégia entre os dois países. Além disso, a viagem também tem um peso político para que o governo Fernández que espera chegar mais competitivo nas eleições presidenciais que ocorrem no próximo ano.

Os dois líderes são muito próximos. Ainda em 2019, quando era candidato, Fernández visitou o petista em Curitiba, na época de sua prisão. A política brasileira também cativa os argentinos de uma maneira geral. Nesse domingo, o presidente do país e sua vice foram os primeiros líderes estrangeiros a parabenizar Lula pela nova eleição.

Onda progressista na América Latina

A vitória do presidente eleito pela terceira vez ainda marca o fortalecimento da onda de governos de esquerda na América Latina. Agora, são seis o total de países mais populosos, também considerados as principais economias da região, com presidentes de esquerda ou centro-esquerda. O que inclui além de Argentina e Brasil, México, Peru, Colômbia e Chile.

Os progressistas dessa nova fase enfrentam, contudo, um cenário mais adverso do que o da “onda rosa” que marcou a região no início dos anos 2000. O próprio Lula, de acordo com o ex-presidente e membro do instituto de análise política Inter-American Dialogue, com sede em Washington, Michael Shifter, vai enfrentar um contexto, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, “totalmente diferente”, avaliou em uma entrevista à BBC News Brasil.

“Dentro do Brasil, a característica mais saliente é certamente a enorme polarização. Mas poderíamos citar também os desafios econômicos, entre eles, a inflação alta, o desemprego e a insegurança alimentar. Os desafios são enormes e só podem ser superados com um governo de coalizão capaz de unir diferentes forças e facções políticas”, ponderou. O analista diz, contudo, que a capacidade do novo presidente de trabalhar or movimento de maior cooperação na América Latina “será um dos trunfos”.

“Lula certamente exercerá um papel importante em encorajar uma maior colaboração na América Latina. O único líder que tem capacidade de reunir a região em desafios comuns é o Lula. Mesmo que os demais governos queiram, eles não têm o peso do Brasil ou a experiência do presidente eleito nos anos 2000 para isso”, conclui Shifter.

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