Mais de 65% das famílias acreanas sofrem com isengurança alimentar, diz levantamento

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

Em nova etapa, o segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 mostra diferenças da insegurança alimentar até mesmo entre Estados. No estudo, fica evidente que as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave. “É o que ocorre em 65,6% dos domicílios que se encaixam neste perfil de renda no Acre, e em 67,6% no Pará”, diz a pesquisa.

Estes altos índices acompanham as residências nesta mesma situação em vários estados brasileiros: Maranhão (72,0%), Sergipe (76,5%), Piauí (66,1%), Ceará (65,2%), Rio de Janeiro (61%), São Paulo (58,4%) Santa Catarina (65,7%), Rio Grande do Sul (64,4%) e Distrito Federal (63,9%).

A fome corre pelas veias abertas do Brasil. E assume características bastante diferentes, em cada pedaço do mapa que ela alcança – seja comparando regiões distintas, seja comparando estados vizinhos. O 2o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (Vigisan) mostra o quadro da fome em cada Estado brasileiro e no Distrito Federal.

Na região Nordeste, Alagoas é o estado que mais sofre com pratos vazios: 36,7% da população está em insegurança alimentar grave (fome).

O Estado do Norte que mais padece é o Amapá, com 32,0% da população nesta mesma situação. O Mato Grosso é o recordista do Centro-Oeste, com 17,7%. No Sul e no Sudeste, o problema é mais agravado no Rio Grande do Sul (14,1%) e no Rio de Janeiro (15,9%).

Proporcionalmente, as populações do Norte e do Nordeste são as que mais passam fome no país. Em números absolutos, a região Sudeste – que é a mais populosa do país – tem mais famintos: são 6,8 milhões de pessoas no estado de São Paulo e 2,7 milhões no Estado do Rio de Janeiro.

A pesquisa Vigisan foi realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), constituída por pesquisadores, professores, estudantes e profissionais, e teve execução em campo do Instituto Vox Populi.

A Ação da Cidadania, a ActionAid, a Ford Foundation, a Fundação Friedrich Ebert Brasil, o Ibirapitanga, a Oxfam Brasil e o Sesc São Paulo são organizações apoiadoras e parceiras desta iniciativa.

O estudo foi apresentado ao público em junho, primeiro, com dados nacionais e das macrorregiões do Brasil. Na ocasião, foram revelados números graves sobre a insegurança alimentar no país: 33,1 milhões de brasileiros não têm o que comer, e apenas 4 entre 10 famílias conseguem acesso pleno a alimentos – ou seja, estão em condição de segurança alimentar. Em números absolutos, são 125,2 milhões em insegurança alimentar – leve, moderada ou grave.

As estatísticas haviam sido coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. As informações referentes aos Estados e ao Distrito Federal estão sendo divulgadas após nova etapa de análise dos dados, com o objetivo de identificar desigualdades regionais de acesso aos alimentos. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas, mais uma vez, pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Os resultados refletem as desigualdades regionais registradas no relatório do 2º Vigisan, e evidenciam diferenças substanciais entre os estados de cada macrorregião do país. Não são espaços homogêneos do ponto de vista das condições de vida. Há diferenças socioeconômicas nas regiões que pedem políticas públicas direcionadas para cada Estado que as compõem”, aponta Renato Maluf, coordenador da Rede Penssan.

“Apesar da ampla cobertura do Auxílio Brasil, uma parcela significativa da população com renda de até meio salário-mínimo não foi contemplada pelo benefício. É uma parte da população que já sofre com a insegurança alimentar. A atual política pública deixa de fora famílias que estariam socialmente elegíveis ao recebimento de uma renda, e que estão em alta vulnerabilidade alimentar”, comenta Rosana Salles, professora do Instituto de Nutrição da UFRJ e pesquisadora da Rede Penssan.

A renda, que já vem se mostrando insuficiente para as necessidades básicas, vem precisando estar dedicada, também, aos custos com endividamento. No Norte e no Nordeste, justamente onde estão concentradas as maiores proporções de pobreza e extrema pobreza, há maior frequência de endividamento das famílias. Na maioria dos Estados do Nordeste, pelo menos 45% das famílias estão endividadas – em Alagoas este índice chega a 57,5%. Os números também são alarmantes no Amazonas (52,6%) e no Distrito Federal (55,6%).

“Mesmo as famílias que recebem o Auxílio Brasil, por estarem endividadas, não conseguem utilizá-lo somente para a compra de alimentos. O recurso precisa ser utilizado para pagar outras necessidades básicas, como aluguel, transporte, luz e água”, complementa Ana Maria Segall, pesquisadora da Rede Penssan e da Fiocruz.

Nas casas em que há crianças com menos de 10 anos, há pouquíssima segurança alimentar. Em domicílios com moradores nesta faixa de idade, a proporção de insegurança alimentar moderada ou grave está acima de 40% em todos os estados da região Norte, chegando a 60,1% no Amapá. No Nordeste, 7 dos 9 estados estão nesta mesma condição.

Fonte: Ac24horass

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp