Candidato ao Senado do governador Gladson Cameli, Ney foi responsável por criar leis que mudaram para melhor a vida de famílias com pessoas com necessidades especiais no Acre
No filme nacional ‘Colegas’, de 2012, o diretor e roteirista Marcelo Galvão mostra a trajetória de três amigos que vivem num orfanato para pessoas Down e a vontade deles de realizar sonhos. Enquanto Márcio quer ver o mar, Aninha deseja casar-se no dia de São Judas Tadeu. Já Stalone, voar, simplesmente.
Os três conseguem fugir do abrigo para viver uma aventura mundo afora em cenas engraçadas, como a de Marcio, que ao paquerar uma mulher numa festa, ouve dela:
– Você não percebe que a gente é diferente? – ao que ele responde – Não tem problema, eu gosto de gorda.
O bom humor e a espontaneidade da obra lembram um pouco o cotidiano de pessoas como a servidora pública Seleny de França Vieira, de 37 anos, que é Down.
Ela foi contratada em 2017 pela Assembleia Legislativa do Estado do Acre (Aleac), num programa até então inédito no Legislativo, idealizado à época pelo presidente da Mesa Diretora da casa, o deputado Ney Amorim, hoje candidato do governador Gladson Cameli (Progressistas) para o Senado.
Seleny é uma das pessoas Down que continuam até hoje trabalhando com total eficiência na Assembleia Legislativa. Antes, no Acre, apenas empresas privadas, a maioria supermercados de Rio Branco, chamavam pessoas Down para trabalhar.
Foi Ney Amorim quem rompeu com essa tendência, ao chamar, além de Seleny, que atua no setor da Recepção, o Francisco, recrutado para a sala do Protocolo.
– Quero ser o senador da inclusão social também. Trabalhar muito para que pessoas com necessidades especiais sejam valorizadas e usufruam das mesmas condições das demais pessoas – afirma Ney.
Francisco das Chagas da Silva Correia, de 42 anos, outro servidor Down da Aleac, alegra-se por ser útil.
– Eu gosto do que eu faço. Todo dia, carrego muitos documentos para as salas e isso me deixa muito feliz – diz ele.
– Meu trabalho é uma das razões do meu viver – completa.
Já Seleny, ao ser perguntada sobre que horas chega para trabalhar, é enfática:
– Tenho de estar aqui às 7h01, e nenhum minuto a mais. Meu compromisso com o horário é muito sério.
A forma como Francisco e Seleny desempenham suas funções impressiona até mesmo os demais colegas no ambiente de trabalho, e a aptidão para obedecer a procedimentos administrativos, cumprindo tarefas de média complexidade desfaz o mito de que as pessoas Down não conseguem acompanhar de forma satisfatória a jornada de um indivíduo dentro do que, suspostamente, é considerado normal.
No Acre, Ney Amorim colaborou para a criação de novas leis que permitiram a inclusão plena dessas pessoas, principalmente, no mercado de trabalho. Desse modo, a legislação empreendida por ele permitiu a mães e pais de Down vencerem barreiras que impediam essas pessoas de uma vida plena de felicidade.
O que mais Ney Amorim promoveu para a inclusão social
* Lei nº 2.560, de 29 de maio de 2012. É de sua autoria a lei que institui a Semana de Conscientização Down e o Programa Estadual de Orientação para profissionais das áreas da Educação e Saúde;
* Lei nº 2.561, de 29 de maio de 2012. Facilitou o acesso a exames e cirurgias para pessoas Down. A lei dispõe também sobre a realização de exames de ecocardiograma nos recém-nascidos Down, no âmbito do estado do Acre;
* Lei nº 2.725, de 31 de julho de 2013. Institui o Selo Empresa Inclusiva para reconhecimento das iniciativas empresariais que favoreçam a integração das pessoas portadoras de deficiência.
* Lei nº 12/2015, que institui e garante vaga de trabalho para pessoas Down em cargos comissionados na Assembleia Legislativa.
* Projeto Pré-Enem EducAleac: iniciativa de Ney Amorim e organizada pela Escola do Legislativo do Acre, em parceria com graduandos da Universidade Federal do Acre, cujo objetivo é oferecer curso preparatório gratuito às pessoas de baixa renda que desejam prestar o Exame Nacional do Ensino Médio. No geral o projeto alcançou 6.120 estudantes.
Um pai dedicado à família
– Faz o gol. Chuta, Juninho. Vai garoto – grita o atacante, ao lançar a bola, vendo a defesa do adversário aberta. O Junior, cara a cara com o goleiro, recebe a pelota e dispara um petardo em direção à trave.
– Puuuuu!…Não foi dessa vez.
Mais tarde, pelada terminada à beira do campo, a análise do lance.
– Caracas, meu irmão, tu quase faz o gol, bicho. É muita força no pé, meirrmão – diz eufórico o pai, colega de time e seu melhor amigo.
– Pode deixar. Da próxima vez, tu vai ver. Eu vou fazer, pai – responde com um sorriso escancarado de alegria e os olhos brilhantes de orgulho.
É assim, de igual para igual que Ney Amorim interage com Ney Amorim Junior, o Juninho, que é Down. Para Ney pai, a síndrome não é e nunca será um empecilho para uma vida normal, num relacionamento rotineiro entre pai e filho.
As estatísticas mostram que quanto mais cedo pessoas Down forem estimuladas a exercícios físicos e cognitivos, maiores serão as chances de interação e de autoconfiança na idade adulta.
É o caso de Juninho, hoje com 23 anos. Os projetos de lei de autoria de Ney Amorim foram fundamentais para consolidar a cidadania plena de pessoas, cujas oportunidades costumavam ser quase sempre desiguais a outras ditas normais.
E isso permitiu que famílias com pessoas Down no Acre estejam, agora, muito mais informadas sobre como proteger seus filhos. A própria sociedade já se mobiliza contra o preconceito e reconhece direitos que ao longo de muitas décadas, eram praticamente inexistentes.