Justiça determina que delegado que prendeu sozinho acusados de matar boliviano seja promovido por bravura

Delegado Sérgio Lopes, atual prefeito de Epitaciolândia, teve que entrar na Justiça para garantir promoção por ato de bravura. Em 2010, delegado prendeu dois criminosos que tinham matado um boliviano e roubado R$ 82 mil durante assalto no interior.

A Justiça do Acre determinou que o Estado promova o delegado de Polícia Civil e atual prefeito de Epitaciolândia, Sérgio Lopes, por ato de bravura. Em 2010, o delegado prendeu sozinho dois acusados de matar um boliviano e recuperou R$ 82 mil roubados no assalto.

Lopes seguia para casa no horário de almoço quando se deparou com os criminosos, iniciou uma perseguição, trocou tiros com a dupla e conseguiu derrubá-los da motocicleta usada na fuga.

Em 2018, o Conselho Superior da Polícia Civil chegou a aprovar o ato de bravura, que teria como consequência a promoção, contudo, era necessário um decreto governamental para efetivação e a Procuradoria Geral do Estado (PGE) alegou que tinha que respeitar o limite de gastos com pessoal e estava impedido de efetivar a promoção por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Foi, então, que o delegado entrou com uma ação judicial para obrigar o Estado a efetivar a promoção. A decisão foi divulgada no Diário da Justiça Eletrônico da última sexta-feira (5).

“O argumento de discricionariedade por parte da Administração, não basta ser dito, há que ser devidamente comprovado a ausência de conveniência e oportunidade, isto por que a reunião do Conselho Superior de Polícia que concedeu o ato de bravura ao autor analisou, pormenorizadamente, toda a conduta do autor no incidente ocorrido em Epitaciolândia, no ano de 2010, onde na oportunidade enfrentou, sozinho, dois ladrões que havia praticado um crime de latrocínio e após troca de tiros, conseguiu realizar a prisão dos criminosos e recuperou os itens subtraídos”, diz parte da decisão do juiz de Direito Anastácio Menezes.

O Estado informou que vai recorrer da decisão por meio da PGE-AC.

Bravura

Ao g1, o delegado falou que a vítima tinha saído da Bolívia e iria trocar a quantia roubada em uma casa de câmbio em Epitaciolândia, mas foi assaltado e morto pelos criminosos antes de fazer a troca.

O delegado passava na hora da fuga iniciou a perseguição, teve o carro baleado e conseguiu parar os criminosos ao bater o veículo na traseira da motocicleta da dupla. Na época, Sérgio Lopes afirma que recebeu o reconhecimento pelo ato de vários órgãos acreano e até da polícia boliviana.

“Estou feliz com a decisão, até porque o Estado não disse que eu não tinha direito, não alegou isso. Alegou que não podia pagar, mas também é uma desculpa esfarrapada. Estou feliz com a sentença porque é um ato de bravura que desde 2010 as autoridades, o Judiciário, o Ministério Público, a polícia boliviana, recebi documentos de todas essas instituições falando a atitude”, relembrou.

Ele destacou também que, em 2010, o Estado não tinha um decreto que regulamentava a promoção por ato de bravura. Essa promoção só foi regulamentada em 2018, quando o governo estadual publicou um decreto com as regras para efetivar e garantir o direito de policiais civis ativos e inativos.

“Fico triste por outro porque o Estado deixa de valorizar seus servidores. Tive que fazer com a Justiça obrigue a efetivar a promoção”, declarou.

G1