“É por essas mulheres que nós vamos colocar cada passo nessa caminhada”, declara Nazaré Araújo após ouvir relato de vítima de violência doméstica

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Ciente do grave problema da violência contra as mulheres no estado, a candidata ao Senado da República pelo Partido dos Trabalhadores, Nazaré Araújo, iniciou a campanha em rodas de conversa, no Juruá, para ouvi-las, traçar planos e apontar o que poderá trabalhar para ajudar a mudar essa realidade, caso eleita.

Ainda em agenda em Cruzeiro do Sul, na manhã desta quarta-feira, 17, Nazaré Araújo participou de um encontro com mulheres na casa da costureira Marfisa Gomes de Oliveira, onde se emocionou com os relatos.

A própria Marfisa carrega uma história de sofrimento, luta e superação. Ela tem oito filhos, sendo quatro menores de idade. Trabalhou por muito tempo como doméstica. Fazia diárias alternadas até que um dia, na primeira gestão do Tião Viana como governador do Acre, ela participou de um curso gratuito de costura. Alguns meses depois, ganhou uma máquina e passou a costurar como trabalho.

Contudo, antes de conquistar a independência financeira, Marfisa contou que teve uma vida muito difícil devido ao relacionamento conturbado com o ex-companheiro. Quando ainda estavam juntos, ele protagonizou muitas cenas violentas contra ela, além de não ajudar com as tarefas de casa. “Antes de eu começar a costurar, eu trabalhava como diarista. Fazia diária para um e uma diária para outra. Eu trabalhava com faxina e, às vezes, quando eu chegava em casa no final do dia, ainda tinha que aguentar tudo. Eu tinha que fazer tudo, dar conta de tudo, dos meninos pequenos e da limpeza”.

Com a voz embargada, Marfisa recorda da dependência financeira. Aquilo a aprisionava em uma vida de sofrimento, violência e exploração. “Eu não tinha como me separar, porque eu tinha um monte de menino. Como eu iria sustentar os meus filhos? Então eu aguentei muita coisa. Ele saía daqui para trabalhar em Rio Branco nesses ramais, pois é pedreiro. Ele saía de casa e não deixava sequer um quilo de carne, nenhum centavo que desse pelo menos para comprar um pão. E eu tinha que me virar. Eu trabalhava e sustentava tudinho. De lá, ele me ligava e dizia que eu não prestava, que eu era feia que nunca encontraria alguém que me quisesse. Quando ele voltava, já chegava me chamando de cão, que eu era o satanás na vida dele”, narrou.

Um certo dia, após tantos anos de agressões e humilhação, Marfisa, agora já costureira, decidiu pedir a separação. Assim como em muitos casos, ficou com ela a responsabilidade de criar e sustentar os filhos.

“Vai fazer dois anos que eu vivo sozinha com meus filhos. Eu costuro de dia, costuro à noite. Às vezes, vou dormir 1 hora da madrugada para garantir as encomendas, que é de onde eu tiro o meu sustento e dos meus filhos, porque ele [ex-companheiro] não dá nada. Mas não é fácil. Sustentar os filhos pequenos, comprar comida, pagar a conta de energia no valor de 500 reais, entre outras despesas, é difícil”, desabafou.

Nazaré Araújo ouviu o relato de Marfisa atentamente. Em seu momento de fala, direcionou o discurso a todas presentes, mulheres guerreiras e com histórias cruzadas. “Para o povo, para todas as mulheres que estão sem um prato de comida para dar para o seu filho, que se queimaram nesse tempo com lenha, porque não era possível comprar uma botija de gás. Por todas aquelas que sofreram violência de todos os tipos, como se ser mulher fosse uma fraquejada. É por essas mulheres que nós vamos colocar cada passo nessa caminhada”.

Acre lidera o ranking de feminicídio

O Acre lidera o ranking nacional de feminicídio. De 2018 a 2021, 126 mulheres foram assassinadas no estado, sendo que 50 delas foram mortas pelo simples fato de serem mulheres. E o mais chocante é que 88% dos autores eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Os dados são do Observatório de Análise Criminal do Núcleo de Apoio Técnico do Ministério Público do Estado do Acre.  

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