De empregada doméstica a professora de Gastronomia: Bárbara Menezes, uma história de superação e talento

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Aos 13 anos ela teve que abandonar a escola para trabalhar como emprega doméstica para ajudar a criar os dois irmãos menores quando o pai foi embora de casa. Após estudar na zona rural caminhando 10 km em ramais para chegar até a escola, concluir o ensino médio em um supletivo, Bárbara Menezes, que sempre foi apaixonada pela arte de cozinhar, realizou o grande sonho de se formar na primeira turma do curso de Gastronomia ofertado pela faculdade Estácio Unimeta.  

Com excelente desempenho durante o curso e acumulando dois cursos superiores e pós-graduação  em Docência do Ensino Superior, ela se tornou, na mesma semana da formatura, professora no curso superior tecnológico em Gastronomia, no centro universitário onde estudou.

“Sempre é possível realizar sonhos. Trabalhar com o que se ama é uma grande realização. Eu sempre sonhei com Gastronomia. Estou grata por tudo. Darei o melhor de mim para ajudar na formação de futuros profissionais que entendam que a Gastronomia é uma linda profissão. Ser chef de cozinha sempre foi um sonho que acalentei no meu coração”, diz.

Até que o sonho se realizasse não foram poucos os percalços. Obrigada a abandonar a escola 3 vezes para poder sustentar mãe e irmãos, Bárbara não apenas retomou os estudos, o sonho e acumulou 3 diplomas de nível superior.

“ Esse é o terceiro curso. Sou tecnóloga em secretariado escolar, pedagoga e agora conclui gastronomia”, diz.

A luta para estudar 

Foram muitos os passos de persistência e determinação até chegar à conclusão do curso de Gastronomia. Ela que parou de estudar aos 13 anos para trabalhar para sustentar os dois irmãos mais novos só retornou aos bancos de faculdade anos depois tendo que caminhar 10 km a pé para frequentar uma escola na zona rural a noite.

“Foram muitas dificuldades em ter que trabalhar de dia de empregada doméstica e a noite ir para aula em locais longes, mas Deus é bom e consegui”, diz.

Após estudar na zona rural, as dificuldades impuseram uma nova pausa e ela só retornou à escola anos depois quando deixou o bairro Taquari para morar no bairro Aeroporto Velho onde concluiu o ensino médio.

“Houve uma chance de fazer o ensino médio em um supletivo e conclui em uma escola no bairro Aeroporto Velho”, diz.

Orgulho da trajetória e do passado 

Concursada como servidora de apoio no Estado, já em idade adulta Bárbara se matriculou em uma faculdade onde se formou em pedagogia e daí por diante não parou mais de estudar.

“Estudar sempre abre muitas portas e nos dar muitas oportunidades. Estudar é a única forma de mudarmos nossa condição de vida”, diz.

Orgulhosa do seu passado, Bárbara conserva as amizades de longa data como a amiga Elieth Santos que conheceu na época de supletivo e o delegado da Polícia Federal e agora colega de docência, Fares Feghali, de quem foi baba.

“Imagina alegria que é hoje ser professora na mesma faculdade que o Fares dá aula. Eu fui babá dele e das irmãs dele. Uma alegria ver esse menino crescer e hoje puder ser colega dele”, diz.

Para Bárbara não existe limites para sonhos e tampouco dificuldades que a impeçam de lutar.

“Se Deus quiser e me permitir, próxima parada será Portugal para um curso de enóloga (enologia é a ciência que estuda vinhos).”

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