Não é de hoje que os representantes do estado reclamam a alta nos preços dos voos domésticos. Agora, o pacote proposto, segundo estimativa do Legislativo, pode deixar os bilhetes até 50% mais baratos e começou a valer na semana passada. Serão beneficiados os deputados: Mara Rocha (MDB); Jéssica Sales (MDB); Alan Rick (União Brasil); Dr. Vanda Milani (PROS); Flaviano Melo (MDB); Perpétua Almeida (PC do B); Jesus Sérgio (PDT) e Léo de Brito (PT).
A promoção valerá para parlamentares e funcionários dos gabinetes que viajam a serviço. O acordo ocorreu porque, o aumento das passagens, segundo os deputados, fez com que a cota parlamentar fosse insuficiente para pagar as viagens semanais a Brasília. Conforme reportagem publicada pelo Valor Econômico, cada deputado recebe entre R$ 30 mil e R$ 45 mil, dependendo do Estado, para gastar mensalmente com gabinete, combustível, alimentação, aluguel de carro e propaganda.
As despesas maiores com voos diminuíram os recursos para outros gastos e levaram a uma pressão interna por aumento da cota. A Câmara analisará nos próximos dias as medidas provisórias (MP) do Voo Simples, que “desburocratiza e simplifica” regras do setor, e a que muda o Imposto de Renda sobre o arrendamento mercantil (leasing) de aeronaves.
A Latam ainda criou um teto para as passagens, de R$ 1.338 na categoria econômica e R$ 1.780 na premium, e dará desconto de 3% em todos os voos. A Gol lançou uma categoria customizada, a “Max Câmara”, com redução de 30% na tarifa. Além disso, dará 5% de desconto nas demais categorias e manterá um chat exclusivo para os gabinetes. A Azul informou que concederá descontos (sem dizer o valor) nas tarifas econômica e premium. A MAP Linhas Aéreas ofertou abatimento de 3% nos voos.
De acordo com o panfleto, o benefício será substancial: uma passagem para Belém que era cotada a R$ 3.035,06 em 30 de março sairá por R$ 1.374,06, economia de 54,7%. A viagem de Cuiabá para Brasília cairá de R$ 3.182,85 para R$ 1.492,98. As compras só podem ocorrer pelo sistema interno da Câmara, com a cota parlamentar, não valendo para férias ou viagens familiares.
O cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UNB), acredita que a iniciativa pode trazer prejuízo à população. “Provavelmente os parlamentares vão ficar mais simpáticos às demandas das empresas e não votar coisas que sejam prejudiciais a elas. Elas estão, na verdade, fazendo lobby para que os deputados não votem aquele projeto das bagagens”, afirmou.
A Latam disse que participou de edital público e apresentou proposta comercial. A Gol afirmou que respondeu a “solicitação formal e institucional da Câmara” e “apresentou proposta com condições alinhadas com as práticas comerciais da companhia, em linha com suas políticas internas”. A Azul respondeu que aderiu “com proposta comercial de acordo com as práticas de mercado”. “A companhia reforça que, em momento nenhum, houve favorecimento por parte da empresa, uma vez que há relação comercial entre as partes, estabelecida desde 2009”, disse a Azul em nota. O Valor tentou falar com a MAP pelo telefone e e-mail, mas não conseguiu contato.
Fonte: Valor Econômico