Bocalom teria prometido R$ 750 mil à Ricco Transportes e pagou quase meio milhão por assessoria

O prefeito Tião Bocalom (PP) teria aceitado pagar R$ 750 mil reais para que a Ricco Transportes viesse atuar na capital acreana pelo período de seis meses mediante um contrato emergencial que foi firmado em fevereiro deste ano, segundo os advogados da empresa São Judas Tadeu. Além disso, a Ricco, nunca havia atuado no transporte de pessoas e até 2021 funcionava como uma granja, criando e vendendo frangos.

A Ricco Transportes e Turismo Eireli, que há poucos meses se chamava Inova Frango Eireli, é registrada em nome de Bruna Fernandes Dias, fica sediada em uma fazenda na zona rural do município de Petrolina de Goiás-GO, e só em novembro de 2021 recebeu autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para transportar passageiros. A empresa inclusive responde a processos na Justiça Trabalhista de Goiás.

Um outro fato que gera estranheza nessa negociação é que Tião Bocalom teria contratado uma empresa que até então não tinha sequer um ônibus. A frota que hoje é usada pela Ricco no transporte coletivo em Rio Branco, conforme informou uma fonte da Folha do Acre, são na verdade de propriedade da Suzantur e da Intersul, uma de Diadema-SP e outra do Rio de Janeiro-RJ, e foi supostamente arrendada.

O prefeito chegou a dizer que daria publicidade aos documentos dos veículos, mas isso não aconteceu. Durante uma entrevista na TV o gestor público também afirmou que a Ricco iria ter prejuízo nos primeiros meses de operação no Acre. O que ninguém sabia era que Bocalom, segundo os advogados da SJT, já teria aceitado transferir quase R$ 1 milhão para a conta da empresa.

“A prefeitura noticiou que a empresa teria aceitado rodar em Rio Branco, mesmo com prejuízos, o que não é verdade, tendo em vista que durante a negociação, antes mesmo da assinatura do contrato de emergência, a prefeitura aceitou desembolsar R$ 750 mil para ajudar a empresa”, diz trecho de uma nota enviada à redação pelos advogados da São Judas Tadeu.

ASSESSORIA DE QUASE MEIO MILHÃO

No dia 4 de março a Superintendência de Trânsito de Rio Branco (RBTRANS) fez uma dispensa de licitação e contratou a empresa EGL Engenharia, com sede em Brasília-DF, para assessoramento e estudos técnicos e jurídicos para a reestruturação do transporte coletivo. A prefeitura desembolsou R$ 490 mil reais. O documento assinado por Anízio Cláudio de Oliveira Alcântara, superintendente da RBTRANS, foi publicado no Diário Oficial.

O QUE DIZ A PREFEITURA?

Procurada, a assessoria da Prefeitura de Rio Branco alegou que não houve pagamento de custos de mobilização da frota emergencial empenhada no transporte coletivo. E que todas as medidas adotadas ou que ainda serão no resgate da eficiência, regularidade e continuidade da prestação seguem e seguirão os princípios de direito e o ordenamento vigente.