O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) emitiu na última sexta-feira (04) uma nota técnica que pormenoriza o desmatamento nos estados que compõem a Região Amazônica nos últimos três anos. Dentre as informações destacadas, enfatiza-se que o estado do Acre foi o segundo estado que mais perdeu floresta, de forma proporcional, em 2021, com aumento de 104%.
A nota, que se baseia em dados emitidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) no triênio 2019-2021, que é o intervalo analisado pelo Ipam, o Acre concentrou 7% do desmatamento no bioma.
Mesmo ficando em quinto lugar, atrás do Pará com 43%, seguido por Amazonas (18%), Mato Grosso (16%) e Rondônia (13%), o estado se destacou como o que mais perdeu área de floresta em termos proporcionais ao território.
DESMATAMENTO POR CATEGORIA FUNDIÁRIA
Ainda segundo o relatório, com exceção do Amapá e do Tocantins, as médias de desmatamento anual foram maiores no triênio 2019-2021 quando comparadas às do triênio 2016-2018.
Nestas condições, o Acre aparece como o quarto estado, com 376 quilômetros quadrados de impacto, o que o coloca como o segundo maior aumento na área média anual desmatada entre o primeiro e o segundo triênio, ficando atrás apenas de Roraima, com 122%.
O destaque também fora dado à região conhecida como Amacro, composta pelos estados do Acre, Amazonas e Rondônia. De acordo com a nota, o aumento no Acre se deu com mais força em imóveis e assentamentos rurais.
“As áreas desmatadas concentram-se na divisa Amazonas-Acre-Rondônia, região conhecida como Amacro, onde grandes áreas desmatadas têm ocupado Florestas Públicas Não Destinadas e Áreas Protegidas como Unidades de Conservação e Terras Indígenas”, falou.
ÁREAS CRÍTICAS
As áreas de maior aumento absoluto do desmatamento no Acre no último triênio (2019-2021) em relação ao triênio anterior (2016-2018) estão mais próximas dos municípios de Feijó, Sena Madureira, Tarauacá e Rio Branco, sendo que os três primeiros ocorrem com mais frequência nas margens da BR-364.
A Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes também recebeu destaque como uma das áreas de conservação que apresentam maior alta de desmatamento absoluto.
Na discussão, a nota fala que o desmatamento é prejudicial não somente à fauna e flora, mas também na multiplicação de conflitos de terra, na ameaça de direitos dos povos indígenas e no impacto de oportunidades de negócios no Brasil.
“Combater o desmatamento é um trabalho coletivo. Nele, o governo federal e suas instituições responsáveis pela governança ambiental; o poder Legislativo, que cria leis que impactam a dinâmica da derrubada de florestas; o engajamento do Judiciário, sendo mais célere no julgamento de crimes ambientais; e os governos estaduais são todos peças-chave na engrenagem que representa a governança e a gestão socioambiental para a redução do desmatamento no bioma”, frisou.
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