Presidente do Sindcol considera “perigoso” PL de Bocalom que repassa dinheiro às empresas

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

PL de autoria do Executivo prevê concessão de subsidio tarifário temporário às empresas de transporte coletivo de Rio Branco; Objetivo é reduzir tarifa para R$ 3,50 mediante repasse mensal de R$ 280 mil para as empresas

Na terceira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público de Rio Branco da Câmara Municipal, realizada na tarde desta terça-feira, 5, os vereadores receberam o presidente da União das Associações de Moradores de Rio Branco (Umarb), Jorge Wendeson Vieira Cavalcante e o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes Coletivos do Acre (Sindcol), Aluízio Abade, que surpreendeu ao declarar que considera “perigoso” o Projeto de Lei (PL) da Prefeitura de Rio Branco que estabelece o repasse de subsídio financeiro de R$ 2,4 milhões para as empresas de ônibus que operam na Capital.

“Estamos solicitando um subsidio direto para manter o sistema funcionando, ou seja, que cubra as gratuidades mas que não haja redução porque está tirando 0,50 centavos. Isso significa que o transporte vai continuar no mesmo nível de decadência de receita porque o prefeito está apostando que, com a tarifa mais barata, haja mais passageiros no carro e volte à normalidade, mas se não combater o taxi compartilhado, o clandestinos ou pirangueiros esse transporte não vai ter evolução nenhuma. Então fechar uma tarifa de R$ 3,50, com subsídio da gratuidade com antecipação desse dinheiro para pagar uma dívida por causa da pandemia e deixar de receber daqui para frente, preocupa também o futuro. Eu acho perigoso antecipar receita e depois ficar sem ela.”, disse Abade aos vereadores.

As declarações do presidente do Sindcol referem-se ao teor do PL de autoria do Poder Executivo que institui a concessão de subsidio tarifário temporário às empresas de transporte coletivo de Rio Branco, cuja proposta é reduzir de R$ 4,00 para R$ 3,50 o valor da tarifa de ônibus mediante repasse mensal de R$ 280 mil para as empresas de novembro de 2021 a junho de 2022, que somam um montante estimado em R$ 2,4 milhões. A matéria deverá entrar na Ordem do Dia para ser votada no plenário da Câmara Municipal na sessão na próxima quinta-feira, 07, após ser analisada pelas comissões de Constituição e Justiça, Orçamento, Finanças e Transporte, nesta quarta-feira, 06.

Para a presidente da CPI, vereadora Michelle Melo (PDT) a declaração é preocupante. “O representante das empresas considera perigoso esse Projeto de Lei de repasse pois eles pedirão antecipação do valor total para pagar salários atrasados mas não irão investir na frota e melhoria do transporte coletivo, isso irá depender de ter mais usuários e eles arrecadando mais poderão pensar em investir.”, comentou.

Ainda de acordo com Abade, a redução de passageiros de 1,2 milhão em 2020 para 400 mil em 2021 é a decadência do transporte coletivo em Rio Branco. “O Sindcol está muito preocupado com esse desequilíbrio porque não estamos conseguindo sobreviver com uma receita reduzida em 70% com a mesma folha de pagamento de dois anos atrás porque temos o compromisso de não demitir ninguém. Mas hoje é a solução que temos para sanar o problema do trabalhador que é devido as empresas terem sido prejudicadas devido á pandemia, com a queda de passageiros. O Município então subsidiando a gratuidade tirando do subsídio cruzado que é o passageiro normal que paga é uma solução, mas o Sindcol está preocupado.”, disse.

A vereadora Lene Petecão (PSD), membro da CPI, rebateu a informação de que a crise deve-se á pandemia. “Eu concordo que piorou com a pandemia, mas eu acompanho essa situação do transporte coletivo há sete anos, desde o meu primeiro mandato e tenho cobrado o serviço que essas empresas tem ofertado para a nossa população que não é digno do discurso do Sindcol. Eu tenho muita dificuldade quando eles dizem que prestam o serviço e eu não confio nessas empresas que ao longo dos anos prestam serviço de péssima qualidade. A concessão é pública e eu venho dizendo que o prefeito já deveria ter tomado uma decisão politica de cassar essas concessões.”, asseverou.

Quem também questiona os contratos entre a Prefeitura e as empresas é o vereador Fábio Araújo (PDT), vice-presidente da CPI. “Vamos analisar as cópias desses contratos e entender o que acontece desde a primeira concessão, que aconteceu em 2004, para que a gente tenha conhecimento e, de fato, entenda o que aconteceu nesses anos todos para saber o porquê desses contratos terem sido aditivados, mesmo com tantos problemas e falhas fiscais, com empresas em recuperação judicial, e até hoje essa dificuldade dos usuários e das empresas”, destacou.

Representando os moradores, o presidente da União das Associações de Moradores de Rio Branco (Umarb), Jorge Wendeson Vieira Cavalcante falou sobre o sucateamento dos ônibus colocados em circulação para atender aos usuários. “Nós culpamos a gestão tanto atual quanto passada pelo mau serviço. Por que as empresa de ônibus não são substituídas? É essa é a pergunta que fazemos. Porque essas empresas nunca são penalizadas?”, questionou, relatando também a redução de linhas principalmente nos finais de semana o que, segundo ele, tem obrigado a população a caminhar por quilômetros para pegar um ônibus.

Atualmente operam o sistema de transporte coletivo em Rio Branco as empresas Viação Floresta, Via Verde e São Judas Tadeus.

Fonte: A Gazeta do Acre

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp