O aumento de casos pode estar diretamente ligado à pandemia de covid-19, que tem ampliado este problema de saúde pública em todo o mundo
Estudos demonstram que a pandemia de covid-19 ampliou os fatores de risco associados ao suicídio, como perda de emprego ou dificuldades financeiras, trauma ou abuso, transtornos mentais e barreiras ao acesso à saúde. O reflexo destes problemas são sentidos diariamente pelos militares do Corpo de Bombeiros do Acre (CBMAC), que atenderam de 1º de janeiro a 22 de outubro deste ano 301 chamados por tentativas de suicídio, o que representa um aumento exponencial se comparado ao mesmo período do ano anterior, em que foram registradas 204 ocorrências.
Os dados são referentes apenas ao histórico do CBMAC, pois embora muitas pessoas não saibam, sempre que há uma ocorrência de tentativa de suicídio, o Corpo de Bombeiros é acionado, desde que não haja o uso de armas brancas ou de fogo, neste caso, a Polícia Militar é chamada. Nas duas situações, militares de ambas instituições acionam o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência que conduz a vítima às unidades de saúde, quando necessário.
“Com a pandemia, a gente percebeu no dia a dia que se intensificou essa questão da depressão onde houve o cerceamento da interação social, então as pessoas ficaram cada vez mais sós sem ter com quem conversar sobre seus problemas e a quantidade de ocorrências dessa natureza aumentaram de maneira significativa”, explica o tenente bombeiro Felipe Santiago.
Observando no dia a dia a necessidade de estarem mais preparados para lidar com as inúmeras tentativas de suicídio, em junho deste ano o Corpo de Bombeiros do Acre capacitou – com apoio do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará – militares de todas as regionais em Rio Branco para atenderem estas ocorrências da melhor forma possível.
“Neste ano, houve o primeiro curso de atendimento à tentativa de suicídio aqui no Acre (…). Hoje nós praticamos uma técnica chamada de Intervenção Baseada na Escuta no Diálogo, é uma forma de negociação que já tem sendo trabalhada na segurança pública em todo o Brasil como forma de abordagem ao tentante suicida. Nós trouxemos essa forma de abordagem em cinco dias de curso com militares tanto dos bombeiros quanto alguns policiais militares. Foram cerca de 30 bombeiros capacitados de todos os batalhões, então dentro de uma guarnição de serviço muito dificilmente algum deles não terá esse curso, por isso, dentro de ocorrências dessa natureza o militar que realiza a abordagem é o que fez o treinamento”, relata o Tenente Felipe Santiago, do CBMAC.
A Gazeta do Acre