Pelo menos mil pessoas, entre acreanos e rondonienses, têm crédito a receber, por salários e verbas trabalhistas, da massa falida da Rede de Supermercados, que atuava no Acre e em Rondônia e que pediu falência em 2016, nos dois estados. Foram leiloados, além dos prédios onde funcionavam as lojas em Rio branco (AC), Porto Velho e outros municípios de Rondônia, terrenos e veículos que faziam parte do patrimônio do grupo administrador da rede de supermercados. A arrecadação chegou a R$ 71 milhões.
De acordo com escritório de advocacia Machiavelli, Bonfá e Totino Advogados Associados, nomeado pela Justiça para atuar no caso, mesmo com o dinheiro arrecadado, funcionários ainda não receberam os valores referentes a salários atrasados e outros encargos trabalhistas. O dinheiro arrecadado está depositado em uma conta remunerada da Caixa Econômica Federal, vinculada ao processo e administrada pelo Poder Judiciário e só deve chegar ao bolso dos trabalhadores após a homologação dos leilões, o que deve ocorrer ainda este ano. Os leilões foram realizados há três meses. A responsabilidade pela movimentação dos valores é da 6ª Vara Cível da Comarca de Porto Velho.
Os pagamentos não foram feitos ainda porque, de acordo com os advogados, os leilões não foram concluídos porque os donos da massa falida interpuseram recursos contra a venda de imóveis da rua Guanabara, em Porto Velho, e da Granopan, uma fábrica de panificação. Na última atualização do processo, um dos recorrentes desistiu da ação. No outro caso, um dos sócios da empresa contestava o valor pelo qual dois imóveis foram arrematados, alegando ser muito baixo. No entanto, a Justiça já havia aprovado e homologado a venda dos imóveis pelo valor oferecido.
O próximo passo será a publicação do edital de credores para habilitação de crédito. Nesta fase, os funcionários devem apresentar à administração judicial os documentos que comprovam os valores que devem receber. O processo tem um prazo de 15 dias após a publicação do edital.
O Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) informou que “o processo está na fase de regulamentação da documentação de todos os bens que foram arrematados” e que são exigido alguns procedimentos como “solicitação de carta de arrematação, carta de liberação e a espera de envio de documentos”.
A rede de Supermercado Gonçalves era um dos maiores varejistas de Rondônia, com várias lojas espalhadas em Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná, Buritis e em Rio Branco (AC), além de atuar também em outras áreas do comércio. Apesar da ampla prestação de serviço, em 2016 a empresa entrou com pedido de recuperação judicial alegando crise econômico-financeira. No entanto, a tentativa de remediação não foi bem sucedida e em julho de 2019 a Justiça decretou a falência da empresa.
A história do Supermercado Gonçalves começa em 1990 na rua Guanabara, em Porto Velho, com a inauguração da primeira unidade fundada pelo empresário José Gonçalves da Silva e a esposa, Benedita Candida. Nos anos seguintes foram abertas outros nove supermercados: em Porto Velho, Rio Branco (AC), Ariquemes (RO), Buritis (RO) e Ji-Paraná (RO). Em 2013, o grupo criou uma indústria de panificação, a Granopan, e, em 2014, uma casa empório, ambas na capital rondoniense, mas todos os negócios entraram em bancarrota.