A transexual Jullyana Correia, de 36 anos, acusa funcionários da prefeitura de Rio Branco de transfobia após ela usar o banheiro feminino do órgão na manhã desta terça-feira (8). Jullyana saía do banheiro quando foi abordada por um segurança e orientada a usar o banheiro de deficientes da próxima vez.
Ativistas do movimento LGBTQI+ farão um ato de protesto em frente à prefeitura de Rio Branco nesta quarta-feira, 9, às 16 horas. O protesto é contra a transfobia e tem o tema “Banheiro Feminino é para todas!”.
Jullyana estava com a irmã Atila Maria Rodrigues, 49 anos, no Centro de Rio Branco, quando resolveu usar o banheiro da prefeitura, como já tinha feito outras vezes. Ela disse que nunca tinha sido abordada dentro do órgão e nem passado por esse tipo de constrangimento.
“Fui frequentar o banheiro como qualquer outra pessoa, que precisa. A gente foi, usou e na nossa saída um cara, não sei se era fiscal, segurança, nos chamou no cantinho, e disse que, como a gente é desse jeito, podíamos usar o banheiro de deficientes para não causar constrangimento. Perguntei se não podia usar o banheiro das mulheres e ele falou que não para não causar constrangimento”, relembrou.
Jullyana explicou que é uma mulher trans. O servidor teria argumentado que tinha recebido ordens superiores, por meio de um comunicado, para não deixar transexuais e travestis usarem os banheiros masculino e feminino. “Ele fez pouco caso, as meninas da recepção também. Foi um constrangimento total, tinha gente passando e olhando aquela situação e ele fazendo pouco caso. Fiquei muito mal, minha irmã também, que tem problemas de saúde. Pedi para falar com um superior, mas ele não fez questão nenhuma”, afirmou.
Para não causar confusão, Jullyana disse que preferiu sair da prefeitura. Contudo, procurou um advogado e pretende acionar a prefeitura e o funcionário na Justiça. Ela também vai registrar um boletim de ocorrência nessa quarta-feira (9).
“Saí para não causar nenhum impacto, se o agredisse ia perder toda minha razão por ser trans, já sou mal vista socialmente, como ele colocou; ou xingar. Já acionei um advogado para entrar com um processo. Isso não pode ficar impune, se aconteceu comigo, acontece com qualquer um”, lamentou.
A assessoria de comunicação da prefeitura de Rio Branco classificou a situação como um mal entendido e negou que o funcionário tenha sido orientado a impedir o uso dos banheiros. O diretor de comunicação, Ailton Oliveira, disse que o chefe do gabinete militar da prefeitura, tenente-coronel Ezequiel Bino, conversou com as mulheres e o segurança.
“Foi um mal entendido, o segurança falou isso, mas depois o coronel falou que está à disposição. Foi só um mal entendido”, argumentou.
Com informações de G1 Acre