Humoristas acusados de homofobia pedem desculpas e desativam podcast

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Lucas Lima ouviu comentários homofóbicos ao participar de uma gravação do podcast Submundo e acabou sendo expulso da casa dos pais após divulgação. Grupo encerrou as atividades do canal e pediu desculpas as todos os ofendidos.

O grupo de humoristas responsável pelo podcast Submundo decidiu encerrar as atividades do canal após repercussão negativa de um trote que acabou com a expulsão do digital influencer Lucas Lima, de 19 anos, da casa dos pais. Durante a gravação, no último dia 1º, o jovem foi chamado de ‘gayzinho’ e os humoristas falaram da sexualidade dele de forma pejorativa.

Nesta sexta-feira (4), Lucas Lima registrou um boletim de ocorrência na delegacia da cidade e contou ao G1 que, após a repercussão do vídeo, foi expulso de casa por não ser aceito pelo pai, para quem ele nunca tinha assumido a orientação sexual por medo da rejeição.

Em nota, divulgada nas redes sociais, o grupo pede desculpas, inclusive a Lucas Lima, à comunidade LGBTQIA+ e todos que se sentiram ofendidos com as palavras. O comunicado afirma que os envolvidos reconhecem o erro e vão arcar com as consequências.

“Mesmo assim, não poderíamos deixar de prestar toda a nossa solidariedade e estamos à disposição a ajudar imediatamente no que for necessário. Não queremos nos justificar, temos consciência do nosso erro e que o limite do humor acaba quando não há graça ou risadas”, diz parte do comunicado.

A reportagem tentou contato com Lucas Lima, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Desativação

Os humoristas seguem afirmando no comunicado que tentaram falar com o jovem, mesmo antes da repercussão da gravação, mas ainda não tiveram retorno. A nota destaca também que os humoristas receberam diversos conselhos e palavras de acolhimento e, com isso, continuaram ‘buscando evoluir para que erros graves como esses não ocorram novamente’.

“Informamos que em virtude de todo o ocorrido, encerramos as atividades do Submundo Podcast e queremos deixar claro que, conforme citado na live, Hudson Magalhães não faz parte do elenco do programa, sendo apenas convidado, portanto, não é responsável pelas ações da equipe”, pontua.

Gravação

Na gravação, que faz parte de um trote, segundo um dos membros do grupo, Geovany Calegário, um deles fala com Lucas, enquanto ele orienta sobre o que o outro deve falar com o influencer e faz um convite para que participe da cobertura da escolha do Miss Gay, que deve ocorrer na capital acreana, Rio Branco.

“Tem um evento que vai acontecer agora, que é o miss gay que vai rolar aqui na cidade de Rio Branco e como você é do meio, conhece, já é influenciador digital, a gente quer saber se você topa cobrir o evento?”, pergunta Jones.

Em um tom grosseiro, o entrevistador grita com alguém chamada Marta (que seria um personagem) e pede uma caneta e interrompe a conversa com o rapaz e fala palavrões.

“Porque como a gente sabe que você é homossexual, então, ficaria tudo em casa, conhece todo mundo, tem as perguntas certas, conhece o bajubá, conhece as gírias, você toparia fazer? Totalmente sem preconceitos. Aí é o seguinte, o que a gente poderia fazer é trazer você, pagar o hotel, hospedagem e você cobrir, dá um selinho em cada um, coisas que você sempre faz como você já é homossexual. A gente tentou pessoas daqui e as pessoas não aceitam, têm preconceito, estas coisas”, continua.

Logo em seguida pergunta quanto o rapaz cobraria para beijar os participantes no dia do evento. Do outro lado da ligação, Lucas pergunta se é possível conversar em outro lugar, é quando Jones grita novamente pelo personagem e manda agendar a conversa.

“Vou ligar pra você amanhã e resolver tudo isso. Marta, anota na minha agenda que amanhã eu vou conversar com um ‘gayzinho’ chamado Lucas Lima”, e desliga o telefone.
Calegário disse ao G1 que foi uma brincadeira e que o grupo mandou mensagem pedindo desculpas, mas não foi respondido. Já Lucas Lima, disse que a ‘brincadeira’ causou revolta nele e consequências sérias na família.

“Fiquei revoltado porque na hora me senti ofendido e não só eu, mas outras pessoas que são LGBTQIA+ e decidi dar minha voz para estas pessoas. Porque aconteceu comigo, mas não posso deixar acontecer com outras pessoas, fazer esse tipo de piada com outros e dar parte e ir à luta”, conta.

Rejeição e homofobia

Com a repercussão, o jovem disse que teve que sair da casa do pai com quem morava até esta sexta. Ele disse que nunca tinha assumido a orientação sexual para ele justamente pelo medo de rejeição.

“Agora fui na casa do meu pai buscar minhas coisas porque ele me expulsou de casa. Falou que não me aceita e falei: então está bem, vou embora, isso em consequência desse vídeo porque parte da minha família nunca me aceitou, por isso que sempre evitava falar a verdade”, lamenta.

Lima disse que está com a mãe, que mora em outro estado, mas está visitando a família em Sena. Os dois estão na casa da avó materna dele.

“Foi um constrangimento porque eu não imaginava que estava em live, em trote, e ele me expôs ao ridículo me chamando de ‘gayzinho’ e falando aquelas palavras homofóbicas e falando de onde eu sou e esses vídeos começaram a viralizar”, desabafa.

O influencer diz estar arrasado, sem acreditar que saiu de casa ainda. “Mas, tenho que levantar a cabeça e continuar. Por enquanto vou ficar aqui com minha mãe e vou dar um jeito de lidar com a vida.”

G1

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