Inaugurada há 17 dias, a ponte sobre o Rio Madeira no Distrito do Abunã, em Porto Velho, segue sem nome oficial definido. A construção que teve início no Governo Dilma Rousseff (PT), passou pelo Governo Michel Temer (MDB) e foi inaugurado na Gestão Bolsonaro (Sem Partido), sendo entregue no último dia 07 de maio, tem o objetivo principal de integrar parte de Rondônia e o todo o Acre ao restante do Brasil por meio da BR-364.
O Acre News pesquisou no Congresso Nacional as preposições que podem oficializar o nome do dispositivo que segue sendo popularizada como “Ponte do Abunã” ou “Ponte do Madeira”. Vale lembrar que para receber um nome oficial, por se tratar de uma obra do Governo Federal, é preciso passar pelo crivo do Congresso. Até o momento, existem apenas duas proposições, uma na Câmara e outra no Senado Federal.
DOM MOACYR
A primeira manifestação que pede o nome para a ponte sobre o Rio Madeira ocorreu na Câmara através do Projeto de Lei N° 3704/19 de autoria do deputado Mauro Nazif (PSB/RO). O protocolo foi entregue à Mesa Diretora no dia 25 de junho de 2019. De lá para cá, o PL passou pelo menos por quatro comissões. O dispositivo está parado, aguardando Devolução de Relator que deixou de ser Membro de Comissão.
Nazif sugeriu que a ponte recebesse o nome do líder religioso Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho que faleceu em 17 de junho de 2019, aos 83 anos. Em sua justificativa, o deputado disse que Grechi “Fez a Ponte Missionária nesses estados [Acre e Rondônia]. Em sua caminhada missionária soube com muita simplicidade conduzir suas ovelhas, lutou por justiça, pelos povos indígenas, pelos que mais necessitavam de justiça, buscando a paz e a harmonia. Lutou contra aqueles que tentavam humilhar as pessoas”.
PAULO NUNES
Sessenta dias depois da apresentação de Mauro, o senador Marcos Rogério (DEM/RO) protocolou no Senado Federal o Projeto de Lei N° 4688/2019 que denomina “Ponte Paulo Nunes Leal”, a nova travessia sobre o Rio Madeira, na BR-364, do km 937,6 ao km 938,8, em Abunã, Distrito da capital rondoniense. Paulo Nunes Leal foi governador do então Território Federal do Guaporé (1954/1955) e do então Território de Rondônia (1958/1962). Nunes ficou conhecido por comandar a “Caravana Ford”, iniciada com o objetivo de abrir a ligação rodoviária entre Porto Velho e São Paulo.
“É justa homenagem a quem tantos serviços prestou à região Norte e ao Brasil (…) Por tudo o que Paulo Nunes Leal representa para Rondônia e região Norte, homenageá-lo nessa grande obra que está sendo edificada em nosso Estado é quase que uma obrigação”, justificou.
O PL entrou na Comissão de Educação, Cultura e Esporte e segue em tramitação. Segundo o portal do Senado, a última ação ocorreu com o parecer favorável da Senadora do Acre, Mailza Gomes (PP).
“Concordamos, portanto, com o autor do projeto, quando defende o mérito da proposição afirmando: acredito que denominar como “Ponte Paulo Nunes Leal” essa nova rota de integração é justa homenagem a quem tantos serviços prestou à região Norte e ao Brasil (…) A iniciativa mostra-se, portanto, louvável quanto ao mérito. Além disso, não apresenta óbices no que se refere à adequação às normas constitucionais ou aos princípios gerais do Direito, além de empregar a correta técnica legislativa”, diz trecho do parecer.
BOLSONARO QUER OUTRO NOME
No dia da cerimônia de entrega da ponte, o presidente Jair Bolsonaro, entre uma fala e outra, sugeriu que o empreendimento recebesse o nome do engenheiro que trabalhou na obra, Francisco Thiago Correia Modesto, morto em decorrência de acidente de trânsito ocorrido no dia 1° de maio na BR-163 em Mato Grosso (MT), aos 31 anos de idade.
Francisco estava em uma camionete Chevrolet S-10, de cor branca, placa de São José dos Pinhais-PR, patrimônio da empresa Arteleste (onde Francisco trabalhava), quando supostamente perdeu o controle da direção, saiu da pista e capotou. “O nome da ponte poderia ser Engenheiro Francisco! Isso seria justo. Vamos sempre nos lembrar daquelas pessoas que nos deixaram o legado, por mais humilde que foi essa pessoa. Todas as pessoas são importantes, todo o reconhecimento e gratidão não tem preço, fica a sugestão”, justificou.
UMA DAS MAIORES DO PAÍS
A ponte é feita de concreto e aço, possui 1,5 quilômetro de comprimento por 14,45 metros de largura, sendo considerada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) uma das maiores pontes do país, a segunda maior em água doce do Brasil. Têm mão dupla, com dois acostamentos e passarela, obteve custo superior a R$ 150 milhões. Ela é curvada, nos moldes de um arco. No ponto mais alto atinge 30 metros em relação à lâmina d’água.
Fonte: Acre News