Covid-19 é doença vascular e pode afetar todos os órgãos, explica infectologista

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Estudo relaciona os casos de infarto e derrame entre pacientes com a característica da doença; especialista avalia resultados e consequências à saúde dos infectados

Pesquisadores do Salk Institute, nos Estados Unidos, confirmaram que a Covid-19 danifica e ataca o sistema vascular. Estudo foi publicado na última sexta-feira, 30, na revista científica Circulation Research e explica como a doença atinge outros órgãos, além do sistema respiratório. “Ao longo dos 15 meses, já vinhamos considerando e falando que a Covid-19 é uma doença generalizada, sistêmica, que pode afetar todos os órgão, e que é uma endotelite. O endotélio é uma camada, membrana, uma pele que fica dentro de todos os vasos sanguíneos. Ali aconteceria uma inflamação que explicaria os derrames que podem acontecer na Covid-19. Este estudo comprova que o grande responsável por lesar, machucar essa membrana é a espícula do vírus, ela leva alterações que favorecem o aparecimento de trombos”, afirma a infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dra. Raquel Stucchi, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

Segundo a infectologista, esse comprometimento do sistema vascular não afeta, no entanto, todos os pacientes, sendo identificado em pessoas com quadros mais graves da Covid-19. “Temos a relação de comorbidade, do hipertenso, diabético, que são pessoas que já tem uma inflação maior nos vasos, pelo metabolismo diferente, que já tem mais chance de ter trombose ou um derrame. Se eu tenho um paciente com isso e tenho um vírus que gosta de inflamar, aumento o risco de ter complicações”, pontua, destacando que essa característica da doença pode explicar outras consequências à saúde dos pacientes. “O infarto pode ser causado pelo coronavírus, por isso todo paciente que interna colhe o exame para ver se ele tem o vírus, porque ele pode ser responsável por um diabetes descompensando e por o derrame também.”

“A Covid-19 é uma doença que pode afetar todos os órgãos. Com uma doença dessa gravidade temos que manter o uso de máscara, o distanciamento social, a higienização das mãos e, assim que possível, ser vacinado com as duas doses, porque é uma doença que pode ter sintomas muito variáveis e com uma gravidade variável”, recomenda Raquel Stucchi. Segundo ela, a indicação é que os pacientes que tiveram quadros moderados ou graves da infecção “procurem uma avaliação cardiológica para ver se não tem nenhuma alteração nos vasos que possa facilitar ou aumentar o risco de infarto”.

Jovem Pan

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