Atendendo a convocação da Comissão de Fiscalização, Finanças e Controle, o Ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, esteve na manhã desta quarta-feira, 12, na Câmara dos Deputados respondendo a questionamento sobre a não liberação de vagas para civis em hospitais militares durante a pandemia.
Entre os vários projetos que tramitam na Câmara dos Deputados referentes à participação do Exército está o de Léo de Brito, PL 1336/21, que obriga a disponibilidade de vagas nos hospitais militares para civis em situações como a que estamos vivendo com a Covid-19.
“Essa é uma situação como que de guerra. Diga-se de passagens morreram mais brasileiros agora do que em todas as guerras que participamos. Estamos vivendo um verdadeiro genocídio com mais de 420 mil mortes. Por isso defendemos a utilização destes hospitais para a população. Defendemos também o fim dos privilégios, como os que a gente vê, com a compra de itens de primeira linha, como salmão, picanha e outros itens pelo Exército”, disse Leo de Brito.
Para o parlamentar, a população não aceita mais privilégios por parte de ninguém, seja das Forças Armadas, seja do Poder Legislativo, do Executivo ou de qualquer outro Poder. Segundo o deputado, as Forças Armadas tem sido poupadas, inclusive nas Reformas, enquanto todos os demais setores estão dando sua parcela de contribuição.
Leo de Brito também questionou o fato do estudo relacionado a Covid, realizado pelo Centro de Estudos do Exército, em abril do ano passado recomendando o governo federal a seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde, ter simplemente desaparecido.
“Eu quero saber onde foi parar este estudo! Eu tenho certeza que teríamos milhares de mortes a menos se ele tivesse sido seguido pelo presidente da República e pelo Governo Federal. O senhor falou aqui que o número de militares que morreram supera a média nacional. Eu quero saber se os militares brasileiros seguiram a orientação do Centro de Estudo ou eles seguiram a orientação do presidente da República que é não usar máscara, não seguir distanciamento social, negar a vacina.”
Segundo o deputado, o Exército sempre se baseou na ciência, mas depois que resolveu dar ouvidos a um capitão que foi expulso do Exército e que envergonha o nome do mesmo, a coisa seguiu outro rumo.
Caso de Manaus precisa ser investigado a fundo
Leo de Brito foi categórico ao afirmar que o caso divulgado pelo jornal online UOL, em 11 em fevereiro desta ano, de que enquanto as pessoas morriam a espera de vagas em leitos em Manaus, o hospital militar estava vago.
“Duzentos e setenta e oito pacientes aguardavam na fila por um leito, enquanto metade dos leitos dos hospitais militares permanecia vago a espera de um militar ou alguém de sua família. É preciso apurar muito bem isso. Quantos destes que esperavam por vaga morreram?”
”Tivemos surto de malária?”, questiona
Segundo Leo de Brito, o ministro da Defesa terá que se explicar na CPI da Covid quanto a produção em massa de Cloroquina pelo Exército.
“Ontem, o presidente da Anvisa, o Barra Torres afirmou que uma reunião coordenada por Vossa Excelência, pasmem essa vai entrar para a história, cogitou-se mudar a bula da Cloroquina, através de um Decreto Presidencial, para incluir tratamento para Covid.”
No ano de 2017, último ano em que o Exército havia produzido a medicação foram feitos 265 mil comprimidos de cloroquina e em 2020 foram feitos 1,3 milhão comprimidos por semana.
“Eu queria perguntar ao ministro se durante o ano de 2020 teve um surto, uma epidemia de malária no Brasil, porque cientificamente falando, a cloroquina serve para a malária. Por que houve então este aumento da produção da Cloroquina se não temos surto de malária?”, questionou.
Uso político das Forças Armadas
Leo de Brito não deixou passar em branco a politização das Forças Armadas e o fato das mesmas serem citadas rotineiramente pelo presidente Jair Bolsonaro como forma de intimidar adversários políticos.
“O senhor foi nomeado como uma espécie de interventor do presidente da República, que faz questão de em todo lugar que ele vai afirmar o meu Exército, minha Aeronáutica, minha Marinha. Eu quero lembrar a Vossa Excelência que isso tá fazendo muito mal. Diga-se de passagem a presença do ministro Pazuello quase que chancela a presença do tão honrado Exército Brasileiro no genocídio que tá acontecendo hoje no país.”
O parlamentar citou o general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto e principal autoridade militar dos Estados Unidos, que o ano passado pediu desculpa a nação porque apareceu ao lado do presidente em um evento político.
“Mas infelizmente, aqui, o presidente Jair Bolsonaro, que eu quero repetir novamente envergonha as Forças Armadas, está querendo aparelhar as Forças Armadas, politizar as Forças Armadas e ao mesmo tempo levar a credibilidade das Forças Armadas lá para baixo junto com a falta de credibilidade que ele mesmo tem”, concluiu.