Rico da Uninorte diz que invasão à sua fazenda tem envolvimento de milícias; políticos cobram providências

O clima é de medo na fazenda Santa Carmem, na região da Ponta do Abunã, em Porto Velho (RO), na BR-364, dois dias depois que a prioridade foi invadida por pelo menos 40 homens armados da Liga dos Camponeses Pobres (LCP).

O grupo invadiu a fazenda e acessou um dos retiros da propriedade, derrubando e incendiando casas, alojamentos e currais. Carros, tratores e motos foram incendiados e dois trabalhadores torturados.

Os colaboradores da fazenda não querem retornar ao local. Estão com medo de morrer. Falam pouco sobre o assunto.

Apenas um caseiro e um auxiliar permanecem na sede a propriedade a 18 quilômetros do local em que houve a invasão. A polícia foi acionada e deve chegar a qualquer momento ao lugar para iniciar os trabalhos de perícia.

Ao Notícias da Hora, o proprietário da fazenda, Ricardo Leite, o Rico, dono da Uninorte, afirmou que a invasão à Santa Carmem é um ato de milícia armada sem qualquer conotação social.

Com base em informações que circulam na Ponta do Abunã, o empresário não descarta a participação de facção criminosa na onda de invasões às prioridades rurais da região.

“É uma coisa mais séria do que as pessoas estão achando. É milícia escondida se fazendo de movimento social. Movimento social não age dessa natureza, né, com rifle, metralhadora. Esses milicianos tem tempo. A polícia vai e tira, e eles retornam com uma semana.”

O ataque ocorreu na mesma região em que policiais militares sofreram uma emboscada e foram mortos em outubro do ano passado.

O grupo armado teria até auxílio de topógrafo para invadir as terras, loteá-las e vendê-las. O interesse deles é maior por terras com grande quantidade de florestas. É o caso da fazenda Santa Carmem onde há 20 mil hectares de floresta, das quais 13 mil de área preservada.

“É o mesmo modus operandi que aconteceu um ano atrás lá na fazenda Rio Madeira quando mataram três policiais. É o mesmo grupo. Vem vindo de lá pra cá. modus operandis deles é entra, invade e destrói tudo. A função desses milicianos é fazer isso. Já é a segunda fazenda que eles fazem isso. É um preço que a gente está pagando por ter 80% de reserva legal, pois estão atrás de mato pra invadir, para vender e arrecadar dinheiro para essas milícias, para o tráfico. Esses são aqueles que invadiram o quartel da polícia ano passado. Isso é um poder paralelo. Quem domina ali na Vista Alegre do Abunã antes da balsa é o PCC. O grande problema ambiental do Brasil não feito pelo pecuarista ou agricultura, é por grileiros e milícias que derrubam terras ou públicas ou privadas”, diz o empresário.

Apelo político

A invasão à fazenda Santa Carmem movimentou gabinetes em Brasília. Os senadores Márcio Bittar (MDB/AC) e Marcos Rogério (DEM/RO) e o deputado federal Alan Rick (DEM/AC) alertaram a União sobre um ambiente de tensão na Ponta do Abunã e a ameaça de grupos aramados na região.

“Fruto do suor e trabalho das famílias, a propriedade privada tem que ser protegida pelo estado. Acredito na segurança e na justiça das autoridades de Rondônia e do Acre, que não vão permitir que pais e mães de família estejam a mercê do crime organizado disfarçado de movimento político!”, disse o senador Márcio Bittar.

O deputado federal Alan Rick informou que vai solicitar aos Ministérios da Justiça e da Agricultura e ao Incra a instalação de uma base da Força Nacional na Ponta do Abunã.

“Desde 2018 que venho denunciando os conflitos agrários que acontecem nos limites do Acre, Rondônia e Amazonas. Recordo aqui a situação do Seringal São Domingos, na região de Lábrea, vizinha a Acrelândia onde 20 pessoas já foram assassinadas ao longo de anos de conflitos agrários na região. Agora, milicianos travestidos de militantes de movimentos sociais, invadem propriedades produtivas, levando pânico e terror às pessoas que trabalham honestamente.”

Fonte: Notícias da Hora