Registros de óbitos crescem 68% nos três primeiros meses no Acre

Dados são do Portal de Transparência do Registro Civil. Maior aumento foi com relação a março, que saiu de 339 para 811.

De 1.050 para 1.760, este foi o salto no número de registros de óbitos no Acre comparando o primeiro trimestre de 2020 e 2021. Os dados que mostram esse aumento de 68% são do Portal de Transparência do Registro Civil, que lista esses números em todo o país.

No ano passado, foram 1.050 registros em todo o estado, sendo 377, 334 e 339 em janeiro, fevereiro, março e abril, respectivamente. Já neste ano, esses números passaram para 417, 532 e 811, sendo março a maior alta, resultando em um aumento de 139%.

O aumento tem relação com os aumentos de mortes por Covid-19, já que a primeira morte pela doença no Acre só foi registrada em 6 de abril de 2020. A vítima foi Antônia Holanda, de 79 anos, que morreu após seguidas paradas cardíacas.

O Acre tem uma taxa de mortalidade de 160 mortes a cada 100 mil habitantes, a de letalidade é de 1,9% entre os casos confirmados.

Aumento nos cemitérios da capital

Os quatro cemitérios administrados pela Prefeitura de Rio Branco registraram aumento de 24% no número de enterros ao longo do ano de 2020. Ao todo, foram 1.232 nos 12 meses do ano passado, contra 994 no mesmo período de 2019.

Os dados são da coordenação dos espaços repassados a pedido do G1 e indicam que a pandemia do novo coronavírus foi a principal responsável pelo aumento. Segundo a coordenação, do total de sepultamentos no ano passado, 268 foram de vítimas da Covid-19, ou seja, 22% do total.

Neste ano, a média mensal de enterros continua alta. Somente entre janeiro e os primeiros 13 dias de abril, foram registrados 588 sepultamentos nos quatro cemitérios. Desses, 273 foram de vítimas da Covid-19, ou seja, 46,4% do total.

Na capital, a prefeitura administra quatro cemitérios oficiais, são eles: Jardim da Saudade, São João Batista, São Francisco e Cruz Milagrosa. O que registra maior número de enterros foi o São João Batista, com 631 sepultamentos no ano passado, sendo 158 de vítimas da Covid-19, contra 508 em 2019. Este ano, em menos de quatro meses, o local teve 282 sepultamentos, sendo que 176 foram de infectados pelo coronavírus.

Em segundo lugar aparece o Cemitério Jardim da Saudade, que teve 504 enterros em 2020, sendo 90 de pessoas com Covid-19. No ano anterior, foram 402. Em 2021, já foram registrados 284 enterros, sendo 83 de vítimas da pandemia.

Segundo boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) divulgado nessa segunda-feira (19), o Acre registra um total de 1.433 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia, em março do ano passado. Ao todo, 75.599 casos foram confirmados da doença.

Falta de vagas

Os quatro cemitérios administrados pela Prefeitura de Rio Branco não possuem mais lotes de terra para venda há pelo menos cinco anos. Na capital, há vagas apenas no Cemitério Morada da Paz, que é particular.

O problema da falta de vagas nos cemitérios da capital não é algo novo. Em 2014, quando o ex-prefeito Marcus Alexandre ainda estava à frente da administração pública, ele chegou a anunciar um novo cemitério na capital que funcionaria em um terreno na Estrada Transacreana. A obra estava orçada em R$ 18 milhões e deveria ter sido iniciada ainda em 2015.

Na época, a gestão apresentou o projeto gráfico do espaço, que seria um ‘cemitério-jardim’, em que não há a presença de monumentos e a única identificação é através de placas de bronze ou outro tipo de material. No entanto, no ano passado, o então secretário da Zeladoria Municipal, Kellyton Carvalho, disse que o projeto foi cancelado por ter um custo alto e, por isso, a gestão não conseguiu os recursos.

Mortes por Covid

O Acre segue com altos números de mortes por Covid-19 registrados diariamente. Em um levantamento, feito de acordo com dados dos boletins da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), é possível perceber que nos primeiros 15 dias de abril o estado registrou 121 mortes por Covid-19 e mais de 5 mil casos novos da doença.

O aumento segue uma tendência notada já no mês de março, quando houve o recorde de mortes pela doença. Para se ter uma ideia, nos primeiros 15 dias, março havia registrado 131 mortes e 5.403 novos casos.

Os dados revelam que das 1.395 pessoas que perderam a vida para a doença até o último dia 15, 811, que é 58% do total, eram homens e os outros 41%, 577, eram mulheres. O número de pessoas sem comorbidades mortas pela doença também continua aumentando, mesmo que ainda seja menor do que o de pessoas com comorbidade que não resistiram. Do total das vítimas, 811 (58%) tinham alguma comorbidade, outros 584 (42%) não tinham histórico de outras doenças.

A faixa etária que registra mais mortos, 330, é a de 70 a 79 anos, seguindo também pela 60-69 anos, com 321 vítimas. O vírus atinge ainda mais as pessoas que são pardas, segundo o boletim, com 35.392 casos informados. Já entre os indígenas, há 931 casos confirmados, o menor na distribuição dos casos confirmados pela etnia.

G1