Primeiros três casos de Covid-19 foram confirmados no dia 17 de março no estado. Um ano depois, Acre vive o pior momento da pandemia.
Há um ano a Secretaria Estadual de Saúde do Acre (Sesacre) confirmava os primeiros três casos da Covid-19. Passados 12 meses, o estado acreano enfrenta colapso no sistema de saúde com falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em hospitais de campanha e estabeleceu medidas mais restritivas aos finais de semana na tentativa de conter o avanço do novo coronavírus.
A pandemia completou um ano no dia 11 deste mês. Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde fez a declaração, após a doença se espalhar por todo o planeta. Um dia depois, no dia 12, o Brasil registrou a primeira morte. E, após um ano, o país superou a triste marca de 2 mil mortes diárias.
Os três primeiros casos no Acre foram de um homem de 30 anos e uma mulher de 50, que chegaram de São Paulo (SP) e uma advogada de 37 anos, que estava em Fortaleza (CE). Dos três casos, apenas a advogada chegou a ficar em estado grave e ficou internada 12 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Até essa terça-feira (16), de acordo com o último boletim da Sesacre, o estado confirmou 63.378 de casos da doença e 1.140 mortes. O maior número de casos da doença desde o início da pandemia foi no último sábado (13), quando foram registrados 623 novos casos em apenas 24 horas.
m 17 de março do ano passado, o governador Gladson Cameli decretava situação de emergência devido à pandemia de Covid-19, mesmo antes de serem confirmados, no mesmo dia, os primeiros casos. A intenção do governo era orientar a população para que a doença não se proliferasse rapidamente. Desde então, as aulas na rede pública e privada de ensino estão suspensas de forma presencial.
As unidades de saúde atuam no limite. Até essa terça (16), todos os 30 leitos de UTI do Pronto Socorro estavam ocupados e no Into os 50 também estavam com pacientes. De acordo com o boletim de assistência, 14 pacientes aguardam na fila por um leito de UTI e 25 por leitos de enfermaria.
Contaminação comunitária
O estado está em contaminação comunitária desde o dia 9 de abril do ano passado. A taxa de incidência é de 7.085,5 casos para cada 100 mil habitantes. O Acre apresenta um coeficiente de mortalidade (óbitos por 100 mil habitantes) de 127% e de letalidade de 1,8%.
Dos 106 leitos de UTI nos hospitais da rede SUS disponibilizados no estado, 101 estão ocupados. Dessa forma, a taxa de ocupação total chegou a 95%. Os leitos de UTI estão concentrados na capital, com 85 vagas, e Cruzeiro do Sul, com 26.
O cenário é diferente do registrado no ano passado, quando em 31 de março o estado tinha apenas 42 casos positivos da doença. No mesmo período, a Covid ainda estava concentrada em três municípios – Rio Branco, Acrelândia e Porto Acre-, dos 22 do estado.
Fechamento dos setores
Após a divulgação dos primeiros casos, no dia 20 de março o governo determinou o fechamento de shoppings, bares, restaurantes, lanchonetes, cinemas, feiras, sorveterias, boates e diversos outros estabelecimentos do estado.
Na mesma data, a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) aprovava o decreto de calamidade pública por conta da pandemia de Covid-19 em sessão extraordinária.
Foram pelo menos quatro meses com as atividades não essenciais suspensas. No final de junho o governo criou o Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19. Quase duas semanas depois seriam apresentadas medidas para a retomada das atividades, a partir de julho, de forma gradual e por regiões do estado.
A elevação dos números de casos voltou a disparar no início deste ano. Após atingir 98% de ocupação de leitos em todas as unidades de saúde do Acre, o Comitê antecipou a divulgação dos dados de classificação de risco e colocou o estado na fase de emergência, representada pela cor vermelha. Foram suspensas as atividades não essenciais pela segunda vez, em menos de um ano.
Em janeiro deste ano, o governo ainda decretou toque de recolher das 22h às 6h. A última medida restritiva iniciou no último final de semana com o fechamento do comércio aos finais de semana. Durante a semana, os setores considerados não essenciais estão liberados a funcionar com 20% da capacidade.
Mesmo com o decreto, a população tem desobedecido as regras e se aglomerado o que faz com que o número de casos da doença aumenta no estado.
Ampliação de vagas
No aniversário do estado, no dia 15 de junho, o estado ampliava o número de vagas em leitos de enfermarias e UTIs com a inauguração do hospital de campanha, instalado em um espaço anexo ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), que se tornava a terceira unidade em referência no tratamento da Covid-19, os atendimentos já ocorriam no Pronto Socorro da capital acreana e na UPA do Segundo Distrito.
Quase um mês depois era inaugurado, no dia 10 de julho, o hospital de campanha anexo ao Hospital Regional do Juruá, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre.
Com o aumento na taxa de ocupação dos leitos, o governo iniciou a reforma no antigo prédio do Batalhão de Operações Especiais (Bope), em Rio Branco. O local vai funcionar como anexo para atender pacientes com Covi-19. Além disso, foram abertas vagas também no Hospital do Idoso como suporte para atender os pacientes.
Ainda não há a confirmação, mas a Sesacre enviou, em janeiro, para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, seis amostras de pacientes suspeitos de ter contraído a nova variante do coronavírus. A previsão é que os resultados saiam em 90 a 120 dias.
Colapso da saúde
Desde o mês da janeiro deste ano que o sistema de saúde atua com mais de 90% de ocupação dos leitos de UTI. No último sábado (13), o governo confirmou que faria a transferência de pacientes para a cidade de Manaus (AM).
O Complexo Regulador que presta assistência à Sesacre disse que a Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM) havia disponibilizado seis leitos de UTI para pacientes Covid-19 do Acre, mas as transferências não chegaram a ser feitas. Outros pacientes foram levados para Cruzeiro do Sul, no interior do estado.
A alta demanda nos hospitais também levou o estado a outro extremo: a possibilidade de faltar de oxigênio. Embora os hospitais referência do estado (Into e PS em Rio Branco e Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul) tenham usinas de oxigênio, no interior do estado as unidades de saúde públicas precisam de do produto e algumas particulares da capital também.
Vacinação
O ano começou com vacinação no estado com a chegada do primeiro lote da CoronaVac, no dia 19 de janeiro. Na época, o estado recebeu 40.760 vacinas, que incluem primeira e segunda doses.
Ao todo, foram sete lotes da vacina direcionados a idosos, servidores da saúde e povos indígenas. O sétimo lote da vacina chegou ao estado no dia 10 de março, 5,8 mil doses da CoronaVac, distribuída pelo Instituto Butantan.
Após a chegada da vacina em Rio Branco, o governo fez um ato solene no 19 de março para vacinar os primeiros profissionais de Saúde. Os perfis escolhidos foram de pessoas que prestam um serviço importante no estado e representam todos os profissionais de saúde. Foram escolhidos; uma técnica de enfermagem, duas enfermeiras, sendo uma indígena. Além delas, um idoso morador do Lar Vicentino também foi vacinado.
Um balanço do consórcio de veículos de imprensa, formado por G1, O Globo, Extra, O Estadão de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL, mostra que o Acre é o estado com menor percentual de vacinação contra a Covid-19 no país, com 0,65% a população vacinada.
Mortes pela doença
O primeiro óbito pela doença só seria registrado no dia 6 de abril. A vítima foi a idosa Antônia Holanda, de 79 anos. Ela morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito, na capital. Hoje, o estado tem, no total, 1.140 mortes confirmadas.
Ao longo de um ano, o maior registro de óbitos pela doença ocorreu no primeiro pico, em junho de 2020, quando foram registradas 217 mortes. O mês de abril do ano passado, foi o que teve o menor registro, ao fechar com 19 mortes.
G1/AC