O Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) e Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) flagraram a falta de anestesistas suficientes para suprir a escala do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), em visita realizada na tarde de sexta-feira (12). Na escala, consta apenas um profissional por plantão em vários dias da semana, incluindo o período de maior demanda.
“Nessa situação, o médico não pode ficar doente, porque não há quem assuma o plantão, um caso absurdo, que prejudica toda a população e o próprio trabalhador que passa a sofrer com grande pressão psicológica”, afirmou a presidente do CRM-AC, Dra. Leuda Dávalos.
O presidente do Sindmed-AC em exercício, Guilherme Pulici, informou que a situação deve se agravar ainda mais em março, período em que alguns profissionais deixam de trabalhar por terem pedido demissão ou por outros colegas existentes no Estado que necessitam tirar férias, um direito trabalhista que garante a saúde do servidor. O líder classista alertou para a falta de compromisso da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) que se recusou em contratar médicos aprovados no último concurso efetivo e que estavam no cadastro de reserva.
“O Estado não vem atendendo as demandas do Sindicato, demandas que sempre cobramos, mas que são ignoradas e tratadas de forma irresponsável, com contratos emergenciais que não garantem direitos”, afirmou o sindicalista.
Um outro anestesista foi colocado na escala, mas o profissional não foi comunicado da mudança da sua própria lotação, o que gerou a suspeita da falta de organização da própria gestão do hospital.
Guilherme Pulici e Leuda Dávalos afirmaram que o caso será denunciado ao Ministério Público Estadual (MPE) que pode escolher pela abertura de investigação e a responsabilização do gestor.
Sem estrutura
Os representantes do CRM-AC e Sindmed-AC ainda confirmaram irregularidades que podem resultar em processos contra os gestores, como a falta do equipamento chamado foco, uma iluminação especial para as cirurgias. A própria reforma do antigo centro cirúrgico será questionada por demorar cerca de três meses para a realização de uma pintura e o reparo no piso.
“O foco do centro cirúrgico está queimado e o único equipamento utilizado de forma paliativa é um foco auxiliar, o que prejudica o atendimento caso haja problemas na iluminação”, protestou Guilherme Pulici.
Outra demanda que não foi atendida é a falta de substituição dos carrinhos de anestesistas que são da década de 1980 e que não apresentam regulagem correta para o atendimento dos pacientes.
Ainda foram encontrados problemas com a falta de manutenção do antigo prédio do Huerb e do novo imóvel, apresentando infiltrações e mofo em paredes e teto, o que pode prejudicar a saúde de pacientes.
UPAs
Em visitas realizadas às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Sobral e Segundo Distrito, no domingo (7), o presidente em exercício do Sindmed-AC encontrou escalas com uma quantidade de médicos inferior ao necessário, situação que também será relatada ao MPE.