Professora que ficou entubada por conta da Covid-19 recebe alta no AC e comemora: ‘Voltei da morte’

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Giselda Maria Nepomusceno, de 53 anos, teve alta na tarde de quinta-feira (7) do pronto-socorro de Rio Branco. Ele ficou internada por mais de duas semanas.

Após passar seis dias entubada na Unidade de Terapia Intensiva do pronto-socorro de Rio Branco, a professora e psicóloga Giselda Maria Nepomusceno, de 53 anos, venceu a Covid-19 e recebeu alta do hospital na tarde dessa quinta-feira (7). Recepcionada pela filha, Victória Silveira e mais alguns familiares e amigos, ela seguiu para casa e se recupera das sequelas deixadas pela doença.

Foram dias difíceis. Giselda, que foi internada no dia 22 de dezembro, não reagia aos tratamentos, como o de plasma, quando a família chegou a fazer campanha por doação. E por não reagir, ela foi levada para a UTI, onde passou seis dias. Após apresentar uma melhora, ela foi acordada e desentubada no dia 1º de janeiro. Quase uma semana depois ela deixou o hospital e comemora.

“Realmente eu voltei da morte”, diz e logo em seguida faz uma pausa, respira fundo, ainda cansada pelos efeitos da doença.
Só então ela continua o relato: “Estou muito feliz, fui tratada por uma equipe muito competente. A UTI do PS não deixou a desejar, uma equipe de jovens, mas, teve certos momentos dentro da UTI que me sentia cuidada pelo próprio Deus, muita gente cheia de empatia e cuidado”, relembra.

A professora conta que quando foi diagnosticada com a doença ainda estava fragilizada pela perda do filho Victor Silveira Nepomusceno, que morreu vítima de um câncer no final de novembro no ano passado. Ela conta que a sedação fez com que ela tivesse muitos momentos de alucinação, em viagens, e até encontros.

“Sou gratidão a Deus. Quando adoeci, estava com menos de um mês que meu filho tinha morrido e no processo de sedação na UTI, mesmo sendo cristã, tive um encontro com meu filho e quando tive esse encontro não queria mais voltar. O processo de sedação é muito doloroso porque tive muitos momentos de alucinação e leva a viagens e experiência e achava que estava sendo o tempo todo monitorada”, explica.

A professora recorda momentos que também fazem parte da realidade. Durante o processo para ser acordada, ela diz que viu o drama da mãe do pequeno Bernardo Teixeira da Costa que morreu vítima da doença no último dia 3, e foi também na UTI que ela recebeu a notícia da morte do primo Peregrino José de Lima, policial rodoviário federal, que perdeu a luta para a doença também no dia 3. “Foi outra parte dolorida.”

“Para mim era meu filho que tinha morrido de novo [quando relembra de Bernardo] e eu pensava estar no hospital AC Camargo -onde Victor Nepomuceno morreu no dia 24 de novembro, vítima de um câncer-. Por mim, eu não tinha voltado, voltei porque meu filho tem projetos, ele deixou um legado e eu preciso realizar esse legado e também tenho minha filha. Somos só nós duas”, chora ao relatar.

Sobre a doença

Sobre a experiência que teve com a doença, Giselda conta sobre a agressividade e diz que acredita que ela seja pior até que o câncer.

“É uma doença agressiva. É mais agressiva que o câncer, porque meu filho morreu de câncer, mas teve oportunidade de lutar dois anos. E essa doença em uma semana ia me levando. É muito agressiva, muito rápida e silenciosa também. Então, acredito que tem que ter mias políticas públicas com esclarecimentos, principalmente, para as pessoas que não têm acesso aos meios de comunicação e não têm acesso do que realmente a Covid é e as sequelas da doença”, pontua.

Em casa, a professora está fortalecendo a imunidade e comemora a saída do hospital.

“Mas, vou vencer. Estou com 53 anos, vou fazer 54 dia 19 de janeiro e estou como uma criança reaprendendo a fazer tudo. Não tenho autonomia, tenho que fazer fisioterapia laboral, porque não consigo mais pegar um copo, nem andar, perdi minha independência, tudo sequela da doença”, conclui.

Recepcionada em casa, professora se recupera das sequelas da doença — Foto: Arquivo pessoal

Recepcionada em casa, professora se recupera das sequelas da doença — Foto: Arquivo pessoal

 

G1 AC

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