Imunizante desenvolvido pela empresa que é braço farmacêutico da Johnson & Johnson é um dos mais aguardados por ser aplicado em dose única e ter armazenamento simples
A Janssen, farmacêutica da Johnson & Johnson, anunciou nesta sexta-feira (29) que sua vacina contra a covid-19 tem 66% de eficácia contra casos graves e moderados do novo coronavírus. A vacina, que requer apenas uma dose, é 85% eficaz na prevenção de formas graves da doença, de acordo com um extenso ensaio clínico apresentado pela fabricante.
Já os dados regionais variaram bastante. Na América Latina, a taxa de eficácia ficou em 66%. Nos Estados Unidos, a taxa foi de 72% e na África do Sul, apenas 52%.
O imunizante é um dos mais aguardados por ser aplicado em dose única e ter armazenamento simples. A empresa pretende solicitar autorização para uso emergencial nos EUA na semana que vem.
A companhia anunciou que solicitará uso emergencial de sua fórmula à Food and Drug Administration (FDA), a reguladora dos Estados Unidos, na próxima semana. A expectativa é de que a autorização seja concedida ainda no mês de fevereiro.
A vacina passou a ser testada no Brasil após receber autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em agosto. A empresa está conduzindo a fase 3 de testes clínicos também no Brasil e já iniciou com o processo de submissão contínua na agência.
Situação no Brasil
O Ministério da Saúde firmou um memorando de entendimento não vinculante (há intenção de compra, mas nenhuma dose foi de fato reservada) para comprar 38 milhões de doses da vacina da Janssen. Seriam 3 milhões de doses no segundo trimestre, 8 milhões no terceiro trimestre e 27 milhões no quarto trimestre de 2021.
Na dia 19 de janeiro, a Anvisa concedeu o certificado de boas práticas para o segundo dos três laboratórios que produzirão a vacina da Janssen, um avanço na negociação. O Ministério da Saúde afirma que pediu “informações de preços, estimativa e cronograma de disponibilização de doses, dados científicos dos estudos de fase I, II e III”.
A vacina da farmacêutica ainda está em fase 3 do estudo que acompanha 60 mil adultos em Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos. No Brasil, estão previstos 7 mil voluntários, incluindo no Rio Grande do Sul, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre e no Hospital Conceição.
Os resultados das fases 1 e 2 mostraram que a vacina é segura e eficaz em produzir anticorpos contra o Sars-Cov-2 em 90% dos voluntários com apenas uma dose, segundo estudo publicado no periódico científico The New England Journal of Medicine. O fato de oferecer proteção com apenas uma injeção é visto como grande qualidade do imunizante da Janssen. Entre os efeitos adversos estão fadiga, dor de cabeça e dor no local de aplicação.
Em 21 de janeiro, a empresa envio nota sobre a negociação com o governo brasileiro, na qual diz que desde o início da pandemia “tem mantido diálogo contínuo” com “autoridades sanitárias nacionais e internacionais sobre sua vacina candidata contra a covid-19, incluindo o Ministério da Saúde e a Anvisa no Brasil”.
A nota prosseguia: “Caso os resultados demonstrem que a vacina é segura e eficaz, e após obter autorização regulatória, a Janssen disponibilizará sua vacina na quantidade e nas condições que vierem a ser acordadas com o Ministério da Saúde”.
A empresa informa ainda que “a previsão é que os resultados preliminares do estudo estejam disponíveis até o final de janeiro. Se os dados indicarem que a vacina é segura e eficaz, a empresa espera enviar um pedido de autorização de uso emergencial à Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em fevereiro. Outras solicitações regulatórias de saúde em todo o mundo serão feitas em paralelo”.
CZH