Polícia conclui inquérito e descarta feminicídio em morte de cantora do interior do Acre

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A Polícia Civil concluiu o inquérito e descartou feminicídio na morte da cantora Elicaliane Soares, de 29 anos, conhecida como Caliane, achada morta pelo ex-namorado dentro do apartamento no último dia 6, no Centro de Xapuri, interior do Acre. O processo foi remetido à Justiça e aguarda avaliação do Ministério Público do Acre (MP-AC).

No dia da morte, a polícia informou ao G1 que a principal suspeita era de que Caliane teria tirado a própria vida. Contudo, iniciou as investigações para ouvir testemunhas, familiares, amigos e fazer perícia para confirmar ou descartar a suspeita.

O ex-namorado da cantora chegou a ser ouvido, teve o celular apreendido para a perícia e foi liberado. A reportagem tentou ouvir o rapaz e a família dele diversas vezes, mas não obteve sucesso.

“Foram 30 dias de coleta de vários depoimentos, pegamos imagens de câmeras e concluímos o inquérito. Não posso entrar em detalhes sobre as investigações, mas não foram achados indícios de um homicídio ou feminicídio. Pelo contrário, tudo que foi coletado, laudo cadavérico, exame do local do crime, depoimento das testemunhas, de pessoas próximas, são no mesmo sentido. Isso tudo levou à conclusão de que, realmente, é caso de suicídio”, destacou o delegado Gustavo Neves, responsável pelo caso.

Ex foi denunciado por violência doméstica
O ex-namorado de Caliane chegou a ser denunciado por ela no mês de outubro por violência doméstica. O casal morava junto em uma casa, mas o rapaz teria batido na cantora e ela foi morar sozinha em um apartamento.

A Polícia Civil confirmou que há um processo em trâmite sobre isso contra o rapaz. A família da cantora alega que o ex-namorado era abusivo.

“Muitas pessoas acreditam que foi feminicídio, mas não foi o caso. Esse caso [violência doméstica] já foi concluído e encaminhado para o Judiciário. O fato objetivo é que ele não participou do suicídio dela pelas nossas investigações. Ele foi ouvido no começo das investigações, assim como outras pessoas. Isso é só a conclusão das investigações, o caso ainda vai ser denunciado e julgado”, concluiu.

Relacionamento conturbado
Segundo o pai de Caliane, Eliomar Soares de Souza, a cantora passou a noite de 5 de dezembro e a madrugada do dia 6 com a família em uma chácara de Xapuri. Era aniversário de uma parente e Caliane deixou o local cerca de duas horas da manhã.

Ao sair da chácara, a cantora teria encontrado o ex-namorado em outro lugar. Ela teria chamado ele para ir embora, segundo o que foi repassado para a família, os dois discutiram e Caliane foi embora sozinha para o apartamento dela.

“Ela ficou de dez horas da noite até as duas da manhã em uma chácara perto da cidade. Depois foi para um ambiente onde ele estava, e as informações que tenho é que mais uma vez, lá no local, ele humilhou ela bastante, ela chamou para ir embora, mas ele falou que não e ela foi sozinha para casa”, contou.

Souza relembrou que soube do relacionamento da filha com o rapaz em novembro do ano passado. Ele acrescentou que a família sempre ouvia histórias na cidade de que o relacionamento dos dois era conturbado, mas que Caliane nunca chegou a relatar nada até outubro deste ano, quando teria sido agredida.

Ao saber da agressão, Souza procurou a filha, retirou as coisas dela da casa que dividia com o ex, alugou um apartamento para ela morar sozinha e a orientou a não seguir com a denúncia em razão da campanha eleitoral. Caliane concorreu ao cargo de vereadora em Xapuri, mas não foi eleita ficando apenas na suplência.

“Conversei com ela o seguinte: como ela estava indo para uma candidatura, essa questão de escandalizar [o caso] naquele momento não seria o melhor negócio, mas tinha que dar um ponto final nessa situação, até porque acompanhamos isso Brasil afora e essa questão da medida protetiva não diminui os casos, pelo contrário, aumenta muito”, justificou.

Após a conversa com o pai, Caliane não teria feito os exames de corpo de delito. Segundo Souza, o conselho dado à filha naquele momento era para evitar uma situação pior. Após o período eleitoral, o pai soube que o ex tinha se reaproximado da cantora.

“Isso não dependia da gente, era uma decisão dela e não conseguia se livrar dele, tinha o controle sobre ela. Ela registrou o boletim e com a nova lei, mesmo se ela não continuar com a defesa, está enquadrado na Lei Maria da Penha”, argumentou.

G1 AC

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