Presidente Antônio Morais foi um dos que mais gastou dinheiro público com combustível. Uma lista que se encontra com o MPE mostra o gasto individual dos vereadores
O Ministério Público Estadual promove uma verdadeira devassa nas contas da Câmara Municipal de Rio Branco. Um dos alvos é o gasto de combustível, principalmente no período de pandemia, quando, em tese, os parlamentares pararam ou reduziram suas atividades. Mesmo com as sessões suspensas, o abastecimento dos veículos dos vereadores não parou e nem diminuiu.
Nos seis primeiros meses de 2020, o gasto com gasolina chegou 56 mil litros e de diesel S10 mais 21 mil litros, quantidade suficiente para fazer a viagem de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, todos os dias, durante 3 anos e 5 meses, ida e volta.
Documentos mostram que de janeiro a junho desse ano os vereadores de Rio Branco gastaram com abastecimento R$ 300 mil reais. Para seu trabalho legislativo, o vereador tem à disposição uma camionete, um veículo de passeio e, recentemente, mais uma motocicleta.
Para manter esses veículos ainda conta com R$ 4 mil para abastecimento de combustível por mês, para gasolina e óleo diesel. Em janeiro quando ainda estavam de férias os parlamentares gastaram, em notas, quase 9.000 litros de gasolina e 4.000 litros de diesel S10, a um custo de quase R$ 62 mil.
Em fevereiro, foram gastos R$ 63 mil. Em março, quando começou o período de pandemia, os vereadores gastaram, pelo menos é o que dizem as notas, 13.000 litros de combustível. Em abril, maio e junho eles suspendem as sessões, a cidade parou em lockdown e distanciamento e, mesmo assim, os gastos com combustível continuam.
Em abril, foram R$ 56 mil; maio, R$ 52 mil; junho. R$ 54 mil. Há uma pequena queda no consumo, com relação ao início do ano, mas apenas os carros oficiais da câmara que pararam, os gastos à disposição da maioria dos vereadores continuaram altos.
Uma lista que se encontra com o MPE mostra o gasto individual dos vereadores. Em alguns casos vão vários pequenos abastecimentos, principalmente de gasolina. Isso aponta indícios de distribuição do combustível para terceiros. Um outro detalhe: cada parlamentar tem direito a R$ 4 mil por mês. Quando se somam os abastecimentos, a maioria dos parlamentares vai no limite do consumo, geralmente as notas fecham entre R$ 3.950,00 e R$ 3.980,00, com os vereadores gastando tudo a que têm direito.
Alguns são campeões em gastos, como presidente da casa Antônio Morais, além de Célio Gadelha, N. Lima e Raimundo Neném, todos reeleitos. Constam ainda nesta lista: Rodrigo Forneck, Eduardo Farias, Juruna e Clézio Moreira, que não retornaram.
Divididos em quilômetros, cada vereador tem para gastar 800 litros de gasolina por mês. Pode rodar 9.600 quilômetros, o que dá para dar visitar 3 vezes mensalmente todos os ramais de Rio Branco.
O Ministério Público Estadual está fazendo uma grande investigação nas contas da Câmara. O trabalho dos promotores pode mostrar se existe desvio de combustível ou se os parlamentares consomem realmente essa quantidade.
Não estão disponíveis as notas de abastecimento a partir de junho. Neste período, elas podem mostrar um outro crime: o eleitoral. Esse combustível pode ter isso usado na campanha, mas, quem vai responder isso é o ministério público.
A promotora que está investigando não grava entrevista, disse que vai levantar todo o material de prova primeiro.
Com informações A Tribuna